quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

MENSAGEM PARA O ANO NOVO

Nunca se concentre num único problema sob um único foco . Viva a vida sob a óptica da perspectiva , da interação.

Sucesso não é questão de aptidão e sim de iniciativa . Sucesso não é a realização de grandes feitos mas sim dos nossos pequenos objetivos , seja a conclusão de um curso, de uma dieta ou simplesmente alcançarmos tudo aquilo que nosso coração almeja ...e geralmente nisso está a ajuda dos Budas e dos guias espirituais, sempre presente, pois eles sempre nos mostram que o que Eles fazem hoje , entenderemos amanhã...

Começamos a vida despidos de qualquer rótulo e aos poucos vamos erguendo nossa muralha de hipocrisia , nos moldando a parâmetros que julgamos necessários para nossa sobrevivência...

Fazer parte do mundo é vive-lo em sua integralidade pois, podem crer caríssimos amigos, nem tudo parece o que é...entre o céu e a Terra há muito mais coisas do que nosso pequeno e limitado coração pode sentir...Tudo pode ser mudado para melhor e quando o poder não está em nossas mãos, podemos então colaborar para isso...Um sorriso pode mudar muita coisa...mesmo que acompanhado de lágrimas...

Temos, antes de tudo, respeitar a vontade das pessoas.. . Somos seres humanos iguais , com diferentes potenciais, mas que ainda dependemos uns dos outros.Coisas imperfeitas não devem ser o único caminho em nossas vidas, apesar de que bem sabemos que o imperfeito é caminho para evolução...Por isso confie..confie mais! Confie nos Budas, confie nos Seres Sagrados que vc tem fé, pouco importa o nome que a ele dê, seja Deus, Jesus, Alah, Maomé, Brahma, Tupã,Oxalá... confie na vida , confie nas pessoas..que mesmo imperfeitas são nossa chance...sempre! Chance para descobrirmos tantas outras coisas que vem depois que chamamos de conseqüências...é que da confiança brota a expectativa que nem sempre é correspondida..mas lembremos que o mundo não gira em torno do nosso umbigo..


Brilhante colaboração da minha amiga Luciane Sardagna

com a minha edição.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

PARA REFLETIR PROFUNDAMENTE

Por mais que vivamos, é certo que um dia todos nós conheceremos a morte. Se alguém sonha que viveu cem anos de felicidade e o outro sonha que viveum um instante de felicidade, quando eles acordarem, suas vivências no sonho terão dado no mesmo, nenhum deles terá recebido nada. Do mesmo modo, quer vivamos por muito tempo, quer vivamos por pouco tempo, nossa situação será a mesma quando ficarmos frente a frente com a morte; a única coisa capaz de nos ajudar é a força de nossas ações virtuosas.Podemos viver longamente e ter boa sorte de obter riquezas e posses, mas, quando a morte chega é como estar sendo roubado por um ladrão. De mãos vazias, desprovidos de qualquer riqueza e sem nada para nos cobrir, partiremos para o futuro.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O ensinamento dos iluminados

Não cometer nenhuma ação maldosa.

Acumular um tesouro de excelente virtude

E domar nossa mente

Esse é o ensinamento dos iluminados, isso é o dharma!!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Abandonar o apego ao corpo

Se não reduzirmos o apego ao nosso próprio corpo, será impossível mantermos a disciplina moral pura. Em nome de proteger nosso corpo, prejudicamos os outros e cometemos uma série de ações não-virtuosas. Assim, devemos perguntar; porque aprecio tanto esse corpo? Por que defendo e penso que é meu? Quando a morte nos separada nossa forma física, temos de partir sozinhos, sem amigos. Quem protegerá nosso corpo então? Se não vamos poder protegê-lo nessa hora, porque ficamos ansiosos em protegê-lo agora?

Quem vai herdar nosso corpo quando tivermos morrido? Em alguns países, o corpo morto torna-se um banquete para abutres e chacais. Em outros, é cremado e pouco difere da madeira usada como combustível. Há lugares em que o cadáver é enterrado e se converte em barro e sujeira. Um cadáver também pode ser atirado ao mar, onde será lentamente devorado pelos peixes. Se pudermos reconhecer que o corpo tão cuidado por nós é potencialmente banquete de abutres, lenha ou poeira, não iremos aferrar a ele com apego tão forte, nem sentir que realmente nos pertence. Se, malgrado essas considerações, ainda quisermos proteger nosso corpo, então vamos ter de fazê-lo muito bem, porque o intransigente Senhor da Morte logo vai chegar.

Nós e nosso corpo não somos o mesmo e, em breve, vamos ser separados dele. Portanto, qual é o sentido ou propósito de protegê-lo e de nos apegarmos a ele?

Poderíamos argumentar: “Uma vez que este corpo é meu bastante tempo, devo continuar a protegê-lo.” Mas essa resposta revela confusão de uma mente ignorante. Me primeiro lugar não há um eu independente que possua qualquer coisa. Porque devemos nos ater aos nossos agregados, pus sangue, membros, excremento, urina etc. Como se fossem um verdadeiro eu ou meu?

Se for proteger algo, é mais sensato protegermos uma peça de madeira limpa do que apegarmos a essa máquina pútrida, repleta de impurezas.

A fim de superar essa delusão do apego, devemos analisar nosso corpo minuciosamente á procura de algo que seja limpo, puro e digno dessa exagerada possessividade. Vamos dissecar mentalmente nosso corpo. Separem a pele da carne e examinem se a pele é pura ou não. Despreguem a carne dos ossos e perguntem se isso é limpo. O que dizer então do tutano dentro dos ossos? Olhe para o corpo uma pessoa e veja como ela é por dentro uma máquina com ossos, vezes, sangue, órgãos ambulante... Um saco de ossos e carne, como um boneco desengonçado.

O único motivo para guardar nosso corpo é usá-lo para praticar virtude. De outro modo, só que estamos fazendo é preparar e cuidar comida para os chacais e vermes da terra.

Se o corpo não vai nos servir, então para que nutri-lo com comida e bondade é como remunerar um empregado que não trabalha. Se considerarmos nosso corpo como nosso servo em vez de nosso amo, como fazemos normalmente, poderíamos adotar uma atitude realista sobre como cuidar dele e alimentá-lo. Ficaríamos felizes em lhe pagar um salário justo sempre que ajudasse a praticar virtudes para o beneficio nosso e dos outros; contudo, seríamos críticos e rigorosos sempre que descobríssemos que não beneficiássemos ninguém.

Outra maneira de ver nosso corpo seria considerá-los como um barco. Nesse caso, nossa consciência poderia ser vista como um viajante em busca da preciosa ilha da iluminação. A fim de cruzar o oceano do sofrimento e atingir a nossa meta, é muito mais importante guardamos nosso barco- o precioso corpo humano-até alcançar a nossa destinação e conquistar a jóia dos desejos, que é o corpo plenamente purificado de um iluminado.

Em resumo, precisamos buscar um equilíbrio, reduzimos nossa atitude possessiva e apegada ao corpo, enquanto continuamos a mantê-lo como veiculo para nossas práticas espirituais. O melhor meio é acostumar a mente a ver o que realmente é um corpo, analisando as cinco partes pele, carne, ossos, tutano e órgãos internos.

Uma pergunta essencial que devemos sempre nos fazer é: Estou apegado a quê exatamente?

terça-feira, 17 de novembro de 2009

ESFORÇO DA ARMADURA

Com esforço, tudo se conquista. Ganhamos experiências de Dharma e nossos problemas diminuem. Com menos problemas, nosso avanço à iluminação torna-se mais fácil e somos capazes de realizar inúmeros feitos. Devemos reconhecer que todos nós possuímos a semente de iluminação e encontramos os métodos perfeitos para atingir a iluminação. Agora, só precisamos aplicar esforço.
Existem três tipos de esforço:
1- Esforço da armadura
2-Esforço de reunir Dharmas virtuosos
3- Esforço de beneficiar os outros
Hoje vamos falar apenas do esforço da armadura.
ESFORÇO DA ARMADURA
O esforço da armadura é um tipo de esforço que nos torna confiantes e nos faz pensar: " Por maior que sejam as dificuldades, por mais tempo que isso leve, cumprirei minha meta e atingirei a Budeidade ( ou iluminação) para o beneficio de todos." Ou então: "Mesmo que eu demore muito para beneficiar um ser vivo, vou completar minha tarefa espiritual".
Esse esforço é assim chamado porque nos protege contra a preguiça, como as armaduras protegiam os guerreiros contra os inimigos. Quando acordamos, devemos vestir o esforço da armadura, com a decisão ter perseverança ao longo do dia, quaisquer que sejam as dificuldades.
O esforço da armadura deve estar presente sempre que estivermos aplicando os outros tipos de esforço.
Futuramente falaremos dos quatro métodos para intensificar nosso esforço, conhecido como os quatros poderes:
1- poder da aspiração
2-poder da constância
3-poder da alegria
4-poder da descontração.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

FÉ A CONEXÃO COM O GANCHO QUE NOS TIRA DO SOFRIMENTO

A Bodichita ( a mente que deseja a iluminação para o beneficio de todos os seres, eu disse todos os seres e não apenas humanas, e não apenas desse mundo , mas de todo o universo) melhor definição clique aqui . A Bodichita é como um tesouro inesgotável que elimina pobreza de todos os seres, satisfazendo todos os seus desejos. De que modo os Budas e Bodhisatwas, esses seres supremos que possuem a bodichita, eliminam a pobreza? Provendo-nos com inesgotáveis ensinamentos de Dharma e presentes materiais, eles podem satisfazer temporariamente nossas necessidades físicas e espirituais. Além de disso, conduzindo-nos ao estado de felicidade perene e à completa iluminação, eles podemos libertar da pobreza. E nesse sentido que a Bodichitta é como um tesouro inesgotável.

Se a Bodichitta é tão poderosa, por que tantos seres nesse mundo e em outros reinos continuam atormentados pela pobreza e por outros males? O motivo é que o poder dos seres iluminados é como um gancho de ferro e, para que sejamos içados do nosso sofrimento, temos que estabelecer uma conexão com esse gancho por meio do nosso próprio anel de fé. Se permanecermos passivos, à espera de uma salvação vinda de fora, sem nada fazer do nosso próprio lado para desenvolver nossa mente, continuaremos a sofrer como sempre.

Fé é essencial. Se tivermos apenas conhecimento, sem fé, facilmente tomaremos o Dharma num plano meramente intelectual. Se não tivermos fé, ainda que dominemos a lógica budista e façamos habilidosas análises, nossa mente continuará indomada, porque não estaremos colocando o Dharma em prática. Sem fé, não vamos gerar realizações espirituais e facilmente aumentaremos nossa vaidade intelectual. Portanto a fé deve ser apreciada como algo extremamente precioso. Assim como todos os lugares são permeados pelo espaço, também todos os estados virtuosos são permeados por fé.

Mas afinal o que é Fé? O que é esse anel que nos conecta com o gancho que nos retira dos sofrimento?

Fé é uma mente naturalmente virtuosa que serve, acima de tudo, para se opor à percepção de falhas de seu objeto observado. Existem dois tipos de virtude: Virtude natural e virtude de motivação. Virtude natural é uma mente que é virtuosa pelo seu próprio poder, independente de uma motivação específica que a torne virtuosa.

Existem 3 tipo de fé: a fé de acreditar, a Fé de admirar e a Fé de almejar.

Fé de acreditar é uma crença em qualquer objeto condizente ao nosso desenvolvimento espiritual, como os dois caminhos do método e da sabedoria, os três corpos de um Buda e etc...

Fé de admirar é um estado mental tranquilo é lúcido, livre de concepção negativas, que surge quando contemplamos as boas qualidades dos objetos virtuosos ou dos seres sagrados.

Fé de almejar é o desejo de seguir qualquer caminho virtuoso por reconhecer as qualidades positivas desse caminho. Todas as aspirações virtuosas pertencem a esse caminho, como por exemplo o desejo de se tornar um Buda. A bodichitta possui duas aspirações de atingir a iluminaçaõ e de beneficiar todos os seres- ambas as aspirações são classificadas como fé de almejar.

A fé de acreditar baseia-se na fé de admirar, mas é muito mais forte e bem definida. Até os animais desenvolvem a fé de admirar, mas não de acreditar essa requer a adoção consciente de uma visão especial.

Lembrando, porém que no Budismo não existe fé cega.Buda Shakyamuni acautelou seus discípulos para não adotarem essa atitude equivocada:

Não aceitam meus ensinamentos simplesmente porque sou chamado de Buda.

Várias vezes, ele relembrou seus discípulos para não aceitarem seus ensinamentos com fé cega, mas, sim, testá-los cuidadosamente como se examinassem ouro. Não devemos aceitar ensinamentos de ninguém, nem do próprio Buda, a não ser com base em razões válidas e em experiência pessoal.

Nos ensinamentos sobre as quatro confianças, Buda deu mais orientações para chegarmos a um inequívoco entendimento dos ensinamentos. Ele disse:

Não confia na pessoa, mas no Darma.
Não confia nas palavras, mas no significado.
Não confia no significado interpretativo, mas no significado definitivo.
Não confia na consciência, mas na sabedoria.

O significado destas linhas é o seguinte:

(1) Quando estivermos decidindo sobre que doutrina vamos confiar, não devemos nos satisfazer com a fama ou reputação de um determinado Professor, mas em vez disso devemos examinar o que ele, ou ela, ensina. Se, mediante investigação, acharmos que os ensinamentos são lógicos e impecáveis, devemos aceitá-los; mas se carecerem dessas qualidades, devemos rejeitá-los, por mais famoso ou carismático que seu expositor possa ser.

(2) Não devemos ser influenciados simplesmente pelo estilo poético ou retórico de um determinado ensinamento, mas devemos aceitá-lo somente se o significado efetivo das palavras for lógico.

(3) Não devemos nos satisfazer simplesmente com o significado interpretativo da verdade convencional, mas devemos confiar e aceitar o significado definitivo da verdade última da vacuidade. Em outras palavras, porque os ensinamentos do método sobre a bodichita e os ensinamentos de sabedoria sobre a vacuidade etc são companheiros, não devemos nos satisfazer somente com um ou com o outro, mas devemos praticar ambos em conjunto.

(4) Não devemos nos satisfazer com estados de consciência impuros e enganosos, mas devemos depositar nossa confiança na sabedoria do equilíbrio meditativo dos Seres Superiores.

Se compreendermos essas quatro confianças e as usarmos para avaliar a verdade dos ensinamentos que recebemos, seguiremos um caminho inequívoco. Não correremos o perigo de adotar visões falsas ou cair sob a influência de Professores que mostram o caminho errado. Seremos capazes de discriminar corretamente o que deve ser aceito e o que deve ser rejeitado, e desse modo seremos protegidos contra falhas como o sectarismo.

Para encerrar: Certa vez na Índia houve um período de fome e muita gente morreu. Uma senhora idosa procurou seu Guia Espiritual e disse: Por favor ensina uma maneira de eu salvar minha vida. O Guia aconselhou-a comer pedras. Então ela perguntou: Mas como irei torna-la comestíveis ? O mestre respondeu se recitares o mantra da deusa Tsunda, poderá cozinha-las. Porém, ao ensinar o mantra cometeu um leve engano e , em vez de OM TZALE TZULE TZUNDE SÖHA, acabou ensinando OM BALE BULE BUNDE SÖHA. A senhora depositou grande fé nesse mantra, recitou com concentração, cozinhou e comeu as pedras.

Seu filho, um monge, preocupado com sua saúde , foi visitá-la. Ficou espantando ao vê-la gorducha e bem disposta e falou: Mãe, como é possível que esteja tão saudável, quando até os jovens estão morrendo de fome? Quando ela contou como fazia, o filho logo percebeu o equivoco e disse: Teu mantra está errado! Ao ouvir essa palavras, a velhinha encheu-se de dúvida. Tentou recitar os dois mantras, mas nenhum deles funcionou, pois sua fé tinha sido destruída.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Apolônio de Tiana e o oriente

Há contudo uma outra razão pela qual Apolônio é importante para nós. Ele era um admirador entusiástico da sabedoria da Índia. Aqui também se abre um tópico de grande interesse. Que influências, se alguma houve, teve o Budismo sobre o pensamento ocidental naqueles primeiros anos? Alguns asseveram enfaticamente que houve grande influência; do mesmo modo enfático outros negam que tenha havido alguma. Portanto é aparente que não há evidência realmente inquestionável a respeito do assunto.

Exatamente como alguns atribuiriam a influência Pitagórica sobre a constituição das comunidades Essênias e Terapêuticas, outros atribuiriam suas origens à propaganda Budista; e não somente eles detectariam esta influência nos preceitos e práticas Essênias, mas relacionariam até o ensino geral de Cristo a uma fonte Budista sob uma feição monoteísta Judia. E não só, mas alguns diriam que dois séculos antes, através do contato direto e comum da Grécia com a Índia, produzido pelas conquistas de Alexandre, a Índia, via Pitágoras, teria influenciado forte e duradouramente todo o pensamento grego posterior.


Apolônio parece ter tentado ajudar seus ouvintes, quaisquer que pudessem ser, do modo mais adequado para cada um deles. Ele não começava lhes falando que aquilo no que acreditavam era completamente falso e mortal para a alma, e que seu bem-estar eterno dependia de sua adoção instantânea de seu esquema especial de salvação; ele simplesmente tentava purgar e explicar melhor aquilo que eles já acreditavam e praticavam.

Então, é nesta atmosfera de caridade e tolerância que pediríamos ao leitor abordar a consideração de Apolônio e seus feitos, e não só a vida e atos de um Apolônio, mas também de todos aqueles que têm tentado ajudar seus semelhantes em todo o mundo.

Apolônio de Tíana nasceu em Capadócia (atualmente Turquia central), no ano 4 da nossa era, precisamente no ano que se supõe ser o nascimento de Cristo. Era alto, belo e notadamente inteligente. Ao quatorze anos de idade, não puderam continuar a instruí-lo porque ele já sabia mais do que aqueles que o ensinavam. Aos dezesseis anos, entrou para o templo de Esculápio e pronunciou os votos pitagóricos. Vivendo numa existência ascética, desenvolveu, no entanto, a um grau surpreendente, os seus dons de clarividente e terapeuta.

Ao mesmo tempo consagrou-se a defender energicamente as idéias da justiça social, atacando os que exploravam os pobres. Filóstrato relata um incidente a respeito de uma especulação de sementes que, por essa razão, se tornaram muito caras aos deserdados. Consternado o jovem Apolônio apostrofou os mercadores de trigo: “A terra é nossa mãe, a mãe de todos nós, porque ela é justa; mas vós sois injustos e pretendeis monopolizar a mãe de todos, só em vosso proveito. Se não vos arrependeis, eu não permitirei que continueis aqui.” A sua ameaça teve o efeito desejado e suspendeu a ação dos especuladores sem escrúpulos.

Produziu-se um acontecimento importante, por ordem dos Deuses, durante a vida do jovem neopitagórico, quando um sacerdote de Apolo do Templo de Dafne lhe trouxe uma placa de metal coberta de diagramas. Era o mapa das viagens de Pitágoras através dos desertos, dos rios e das montanhas indicando a rota que o filosofo tinha tomado para ir à Índia. Apolônio decidiu seguir o mesmo itinerário e preparou-separa uma longa expedição.

Chegando a Babilônia, o seu comportamento excêntrico fascinou de tal forma o rei que este convidou Apolônio para prolongar sua permanência no reino. E foi Nínive que encontrou o assírio Dâmis, que se torna ao mesmo tempo seu guia, seu companheiro leal e seu discípulo. É, em grande parte, a Dâmis que devemos suas narrativas das suas peregrinações à Índia e ao Tibete.

Depois de um longo e difícil percurso, Apolônio e Dâmis atravessam o Indo e seguiram o curso do Ganges. Num ponto do vale do Ganges, voltaram à direção norte, nos Himalaias, subiram pela montanhosa cordilheira por dezoito dias. Esta caminhada devia tê-los conduzidos ao Nepal do Norte ou ao Tibete. Mas Apolônio tinha um mapa e sabia exatamente onde se encontrava a Mansão dos Sábios.

Apesar da sua confiança, começaram a dar-se fatos perturbadores à medida que Apolônio e seu companheiro se aproximavam de seu destino. Tiveram a estranha sensação de que o caminho por onde acabavam de passar desaparecia subitamente atrás deles. Estavam em um lugar encantado, onde a própria paisagem se movia e se transformava para o viajante não fosse capaz de estabelecer um ponto de referência fixo.

Mas, de súbito, apareceu diante de Apolônio e de Dâmis um rapaz muito novo, de pele tisnada, que se dirigiu em grego ao filósofo como se sua vinda fosse esperada: “A vossa comitiva deve ficar aqui, mas vós deveis seguir-me, tal como vós sois, porque os próprios Mestres deram essa ordem”. A palavra Mestres soava agradavelmente aos ouvidos pitagóricos de Apolônio de Tiana.

Quando Apolônio de Tiana foi apresentado ao Rei dos Sábios, cujo o nome era Iarchas (Santo Mestre), ficou surpreendido que o conteúdo da carta que se dispunha entregar já era conhecido, assim como por aquele que formavam o ambiente familiar que o rodeava, do mesmo modo que os incidentes de sua longa viagem desde a Capadócia.

Apolônio ficou vários meses na região trans-himalaiana. Durante sua permanência nesses lugares, o filósofo e Dâmis puderam admirar coisas incríveis, como poços de uma brilhante luz azulada. Havia as patarbas ou pedras fosforescentes, que irradiavam uma tal claridade que a noite se transformava em dia.

Segundo Dâmis, os habitantes da cidade sabiam utilizar a energia solar. Os Homens Sábios podiam servie-se da gravidade para se elevarem no espaço a uma altura de três pés e eram mesmo capazes de planar. Apolônio observou uma cerimônia q qual os Sábios batiam no chão com seus bastões e eram, em seguida, transportados pelos ares. Foram verificados fenômenos idênticos pela erudita exploradora Senhora David Néel, no inicio do século XX, o que torna valida a narrativa de filostrato. Bem como, também a história de que Shantideva subiu aos ares para declamar os o nono e décimo capitulo do Guia do Estilo de Vida do Bodhisatwa.

Quando chegou a altura da separação, Apolônio disse aos Sábios das Montanhas: Vim até vós pelos caminhos da terra e vós me abristes não só os caminhos do mar, mas também, pela vossa sabedoria, o dos céus. Tudo que me ensinastes eu contarei aos gregos e, se não bebi em vão pela taça de Tântalo. Ficarei em comunicação convosco como se vós estivésseis presentes. Numa referencia clara a comunicação telepática.

Lentamente os dois homens tornaram a descer pela planices da Índia e retomaram seu longo caminho para o Ocidente. Finalmente, chegaram a Esmirna, onde segundo as orientações recebidas, Apolônio deveria chegar encontrar um estátua da sua ultima encarnação sob os traços de Palamede. Dâmis testemunha que o filosofo não teve nenhuma dificuldade em encontrar o exato local que lhe foi indicado.

As autoridades romanas não deixaram de fazer perguntas ao viajante quando do seu regresso da Índia a Itália. Em resposta a pergunta: O que pensais vós de Nero, Apolônio? O filosofo grego respondeu: Podeis-vos pensar que Ele deve cantar, mas eu julgo que seria mais conveniente para ele calar-se. Dar uma opinião dessas no momento que o Governo Imperial de Roma fazia a famosa limpeza entre os filósofos era uma perigosa provocação. Apolônio de Tiana viu-se em breve intimado a comparecer perante o tribunal romano, onde se deu um extraordinário incidente. Quando o procurador desenrolava o documento que continha as provas de culpabilidade de Apolônio, as palavras começaram a baralhar-se umas as outras, e depois desapareceram diante dos olhos do estupefato juiz! Em lugar do texto acusador, o tribunal encontrava-se diante de um manuscrito virgem, e foi obrigado a colocar o filosofo em liberdade.

O imperador Tito reinava havia dois anos quando sucedeu o seu irmão Domiciano, demasiado cruel e orgulhoso para ouvir um profeta. A aparência oriental que aquele havia adotado- a barba e os cabelos longos- exasperava o velho Apolônio, com a idade de 85 anos, foi acusado de sacrilégio e conspiração; quer dizer. De atividades anti romanas.

Fazendo frente ao imperador romano, Apolônio enrolou-se nobremente no seu manto e interpelou-o. Tu podes apoderar-te de meu corpo, não da alma, disse ele. E acrescentou: E mesmo do corpo não poderás!. Depois dessas palavras desapareceu no tribunal, num ofuscante clarão, na presença de centenas de cidadão e soldados que enchiam as galerias publicas reaparecendo em seguida aos seus discípulos que o esperavam na praia.

Sobre sua idade na época de seu misterioso desaparecimento das páginas da história, Fillóstrato diz que Damis não fala nada; mas alguns, acrescenta, dizem que ele estava com 90, e outros com 100 anos.

Ps- A entre seus inúmeros milagres está também a ressuscitação de mortos.

sábado, 10 de outubro de 2009

A raiva e os relacionamentos

A raiva é particularmente destrutiva no convívio entre as pessoas. Quando vivemos em contato íntimo com alguém, nossas personalidades, prioridades, interesses e maneiras de fazer as coisas freqüentemente se chocam. Porque passamos tanto tempo juntos e conhecemos tão bem os defeitos da outra pessoa, é muito fácil sermos críticos e mal-humorados em relação a ela e culpá-la por tornar nossa vida insuportável. A menos que façamos um esforço contínuo para lidar com essa raiva tão logo ela surja, nosso relacionamento se desgastará.

Um casal pode se amar de verdade, mas se constantemente sentirem raiva um do outro, seus momentos de felicidade serão cada vez mais raros. Chegará um ponto em que antes de terem se refeito de uma briga, outra já terá começado. Como uma flor sufocada por ervas daninhas, o amor não pode sobreviver em tais circunstâncias.

A convivência íntima cria oportunidades para que a raiva surja inúmeras vezes num dia. Assim, para evitar que maus sentimentos se instalem, precisamos lidar com a raiva logo que ela surja em nossa mente.

Não esperamos o final do mês para lavar nossa louça diária, pois não queremos viver numa casa suja nem enfrentar um trabalho imenso e desagradável. Da mesma forma, precisamos nos esforçar para limpar a sujeira de nossa mente assim que ela aparecer, pois se permitirmos que se acumule, será cada vez mais difícil lidar com ela e colocaremos em risco nossos relacionamentos.

Deveríamos lembrar que cada momento de raiva é também uma oportunidade para desenvolvermos paciência. Um relacionamento cheio de conflitos de interesses é também uma oportunidade inigualável para desgastar nosso auto-agarramento-apreço e auto-agarramento-agarramento, as verdadeiras fontes de todos nossos problemas. .

É por meio da raiva e do ódio que transformamos as pessoas em inimigos. Costumamos pensar que a raiva surge quando encontramos uma pessoa desagradável, mas de fato é a raiva, que já esta dentro de nós, que converte aquela pessoa num suposto inimigo. Alguém que é controlado por sua raiva está envolto numa visão de mundo paranóica, cercado por inimigos imaginários.

A falsa crença de ser odiado por todos torna-se, às vezes, tão intensa que a pessoa é levada à loucura, vítima de sua própria delusão

No Budismo não há fé cega

Em Quem e No Que Devemos Confiar?

Nos dias de hoje, há uma forte tendência à acreditar sem hesitação nas palavras que são ditas por uma pessoa que tem elevada reputação, enquanto um praticante humilde que dá ensinamentos precisos e perfeitos com freqüência não é apreciado nem acreditado. Buda Shakyamuni acautelou seus discípulos para não adotarem essa atitude equivocada:

Não aceitam meus ensinamentos simplesmente porque sou chamado de Buda.

Várias vezes, ele relembrou seus discípulos para não aceitarem seus ensinamentos com fé cega, mas, sim, testá-los cuidadosamente como se examinassem ouro. Não devemos aceitar ensinamentos de ninguém, nem do próprio Buda, a não ser com base em razões válidas e em experiência pessoal.

Nos ensinamentos sobre as quatro confianças, Buda deu mais orientações para chegarmos a um inequívoco entendimento dos ensinamentos. Ele disse:

Não confia na pessoa, mas no Darma.
Não confia nas palavras, mas no significado.
Não confia no significado interpretativo, mas no significado definitivo.
Não confia na consciência, mas na sabedoria.

O significado destas linhas é o seguinte:

(1) Quando estivermos decidindo sobre que doutrina vamos confiar, não devemos nos satisfazer com a fama ou reputação de um determinado Professor, mas em vez disso devemos examinar o que ele, ou ela, ensina. Se, mediante investigação, acharmos que os ensinamentos são lógicos e impecáveis, devemos aceitá-los; mas se carecerem dessas qualidades, devemos rejeitá-los, por mais famoso ou carismático que seu expositor possa ser.

(2) Não devemos ser influenciados simplesmente pelo estilo poético ou retórico de um determinado ensinamento, mas devemos aceitá-lo somente se o significado efetivo das palavras for lógico.

(3) Não devemos nos satisfazer simplesmente com o significado interpretativo da verdade convencional, mas devemos confiar e aceitar o significado definitivo da verdade última da vacuidade. Em outras palavras, porque os ensinamentos do método sobre a bodichita e os ensinamentos de sabedoria sobre a vacuidade etc são companheiros, não devemos nos satifazer somente com um ou com o outro, mas devemos praticar ambos em conjunto.

(4) Não devemos nos satisfazer com estados de consciência impuros e enganosos, mas devemos depositar nossa confiança na sabedoria do equilíbrio meditativo dos Seres Superiores.

Se compreendermos essas quatro confianças e as usarmos para avaliar a verdade dos ensinamentos que recebemos, seguiremos um caminho inequívoco. Não correremos o perigo de adotar visões falsas ou cair sob a influência de Professores que mostram o caminho errado. Seremos capazes de discriminar corretamente o que deve ser aceito e o que deve ser rejeitado, e desse modo seremos protegidos contra falhas como o sectarismo.

O PROTETOR DO DHARMA


Protetor do Darma é uma emanação de um Buda ou Bodissatva. Suas principais funções são evitar os obstáculos interiores e exteriores que impossibilitam as realizações espirituais dos praticantes e prover todas as condições necessárias à prática do Darma.

No Tibete, cada monastério tinha seu próprio Protetor, mas a tradição não começou lá. Os mahayanistas da antiga Índia também recorriam aos Protetores do Darma para eliminar impedimentos e satisfazer seus desejos espirituais.

Algumas deidades mundanas são simpáticas ao budismo e ajudam os praticantes, mas elas não são autênticos Protetores do Darma. Essas deidades são capazes de aumentar as riquezas dos praticantes e ajudá-los a obter sucesso em atividades materiais, mas não têm sabedoria nem o poder para proteger o desenvolvimento do Darma em suas mentes.

Esse Darma interior – as experiências de grande compaixão ou bodichita ou a sabedoria que realiza a vacuidade – é o que importa e deve ser protegido. Condições exteriores são de importância secundária.
Embora possam ter boa motivação, deidades mundanas não têm sabedoria e, por isso, a ajuda exterior que prestam, na realidade, pode atrapalhar a aquisição de autênticas realizações. Se tais deidades não possuem elas próprias realizações de Darma, como poderiam ser Protetores do Darma?

É claro que os verdadeiros Protetores do Darma tem que ser emanações de Budas ou Bodissatvas. Tais Protetores possuem grande poder para proteger o budadarma e seus praticantes. Entretanto, a extensão da ajuda que receberemos depende da fé e convicção que temos neles. Para receber proteção plena, precisamos confiar nos Protetores com uma devoção contínua e inabalável.

Os Budas manifestam-se sob a forma de diversos Protetores do Darma, tais como Mahakala, Kalarupa, Kalindewi e Dorje Shugden. O principal Protetor da linhagem de Je Tsongkhapa, desde quando ele estava vivo até a época do I Panchen Lama, Losang Chökyi Gyaltsen, foi Kalarupa. Mais tarde, contudo, diversos lamas acharam que Dorje Shugden se tornara o principal Protetor do Darma dessa tradição.

A compaixão, sabedoria e poder dos diversos Protetores do Darma não diferem, mas, conforme a época e o carma dos seres, um Protetor ou outro terá mais chance de ajudar os praticantes.

Para entender melhor esse ponto podemos pensar no exemplo de Buda Shakyamuni. Antigamente, os seres deste mundo tinham carma para ver o corpo-emanação supremo de Buda Shakyamuni e receber ensinamentos diretamente dele.

Hoje em dia, não temos mais esse carma e, por isso, os Budas aparecem-nos como um Guia Espiritual e ajudam-nos por meio de ensinamentos e orientações nos caminhos espirituais. Vemos, assim, que Buda nos ajuda de acordo com nosso carma instável, mas que a essência desse auxílio permanece sempre a mesma.

Entre os Protetores do Darma, Mahakala de quatro faces, Kalarupa e Dorje Shugden possuem a mesma natureza, pois os três são emanações de Manjushri.

Contudo, os seres da época atual têm uma conexão cármica mais forte com Dorje Shugden. Foi por isso que Morchen Dorjechang Kunga Lhundrup, um mestre altamente realizado da tradição Sakya, disse a seus discípulos: “Agora é a hora de confiar em Dorje Shugden”. Repetiu esse conselho em diversas ocasiões para encorajar os discípulos a gerarem fé na prática de Dorje Shugden.

Nós também devemos acatar essa orientação e segui-la sinceramente.
As palavras de Morchen Dorjechang Kunga Lhundrup foram muito claras – ele não disse que é hora de confiar em nenhum outro Protetor, mas afirmou categoricamente que é hora de confiar em Dorje Shugden. Muitos lamas importantes e diversos monastérios da tradição Sakya têm confiado sinceramente em Dorje Shugden.

Mais recentemente, o maior divulgador da prática de Dorje Shugden foi o falecido Trijang Dorjechang – Guru raiz de muitos praticantes gelugpas, desde humildes noviços até elevados lamas. Ele encorajou todos os seus discípulos a confiarem em Dorje Shugden e concedeu diversas iniciações desse Protetor.

Quando já tinha uma idade avançada, escreveu um longo texto para impedir que a prática de Dorje Shugden se degenerasse. O texto, intitulado Sinfonia que deleita um oceano de Conquistadores, é um comentário à prece de louvor a Dorje Shugden, Éons Infinitos, escrita por Tagpo Kelsang Khedrub Rinpoche.

Natureza e função do Protetor do Darma

Algumas pessoas acreditam que Dorje Shugden é uma emanação de Manjushri que se apresenta sob o aspecto de um ser mundano, mas isso é incorreto. Até a forma de Dorje Shugden revela as etapas completas do caminho do sutra e do tantra e seres mundanos não possuem tais qualidades em suas formas.

Dorje Shugden aparece sob o aspecto de um monge plenamente ordenado, mostrando que a prática de pura disciplina moral é essencial para os que desejam atingir a iluminação. Em sua mão esquerda, segura um coração, que simboliza grande compaixão e grande êxtase espontâneo, a essência de todas as etapas do caminho vasto do Sutra e do Tantra.

Seu chapéu redondo amarelo representa o ponto de vista de Nagarjuna e a espada de sabedoria em sua mão direita ensina-nos que devemos cortar a ignorância, a raiz do samsara, com a lâmina afiada da visão de Nagarjuna.
Esses pontos constituem a essência de todas as etapas do caminho profundo do Sutra e do Tantra.

Dorje Shugden monta um leão de neve, símbolo dos quatro destemores de um Buda. Em seu braço esquerdo, repousa uma jóia que tem a forma de um mangusto-cuspidor, indicando seu poder de dar saúde aos que confiam nele. O olho no centro da testa representa sua sabedoria onisciente, que compreende, direta e simultaneamente, todos os fenômenos passados, presentes e futuros.

A expressão irada significa que ele destrói a ignorância, o verdadeiro inimigo de todos os seres vivos, abençoando-os com grande sabedoria; indica, também, que extingue os obstáculos que obstruem a prática dos sinceros seguidores do Darma.

Os Benefícios de Confiar em Dorje Shugden
Se compreendermos bem a natureza e as funções de Dorje Shugden, também compreenderemos os benefícios de confiar nele. Dorje Shugden sempre ajuda, guia e protege os praticantes puros e sinceros, concedendo-lhes bênçãos, aumentando sua sabedoria, satisfazendo seus desejos e concedendo-lhes sucesso em todas as suas atividades virtuosas.

Não podemos dizer que Dorje Shugden ajude apenas os Kadampas; por ser um Buda, ele ajuda todos os seres vivos, sejam eles budistas ou não. O sol beneficia todos, até os cegos, dando-lhes calor e amadurecendo as plantas que lhes servem de alimento; mas pudessem eles enxergar, quão mais óbvios seriam esses benefícios!

De modo análogo, embora Dorje Shugden proteja mesmo aqueles que não fazem qualquer esforço para confiar nele, quando nossos olhos de fé se abrem, tornamos-nos gradualmente mais conscientes da ajuda que estamos recebendo.

Se desejarmos sinceramente experienciar os benefícios de confiar em Dorje Shugden, devemos fazê-lo com constância durante um longo período, aperfeiçoando com firmeza a nossa conexão. Desse modo, começaremos a notar sua influência benéfica em nossas vidas.

É preciso compreender que a principal função de um Protetor do Darma é a de proteger nossa prática de Darma e não a de nos ajudar em negócios mundanos. Com isso em mente, não vamos desanimar caso a riqueza não nos bata à porta, pois riqueza não ajuda necessariamente nossa prática espiritual; pelo contrário, pode até tornar-se um motivo de grande distração.

Se confiarmos sinceramente em Dorje Shugden, ele providenciará as condições que forem mais adequadas à nossa prática de Darma; Contudo, é bom saber que tais condições não serão necessariamente aquelas que nós mesmos escolheríamos! Dorje Shugden abençoa nossas mentes para nos ajudar a transformar situações difíceis em caminho espiritual e abre os olhos de sabedoria de seus seguidores devotos, capacitando-os a sempre tomarem as decisões corretas.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

CONCENTRAÇÃO SUPERIOR

O termo tibetano para designar tranqüilo- permanecer é zhi na. Zhi significa tranqüilo ou apaziguado e na significa permanecer ou ficar. O tranqüilo permanecer é, portanto, uma mente que apaziguou as distrações e permanece concentrada, de maneira unifocalizada, em seu objeto. Define-se tranqüilo permanecer como uma concentração que possui o êxtase da maleabilidade física e mental. Essas maleabilidades são alcançadas no final das nove permanências mentais. Com esforço, não é difícil gerarmos uma mente capaz de manter-se unifocalizada num único objeto por longo tempo, mas isso ainda não o tranqüilo permanecer. O tranqüilo - permanecer só será atingido se aperfeiçoarmos essa mente, até que ela cause o êxtase especial da maleabilidade.
Devemos gerar o tranqüilo permanecer tanto em benefício próprio como em beneficio dos outros. Visto que não queremos sofrer, precisamos eliminar a causa do sofrimento, o auto agarramento. Para fazê-lo, temos que realizar diretamente a vacuidade, o que não é possível sem antes atingir o tranqüilo permanecer. Isso explica porque a vacuidade é um objeto muito sutil e, para realizá-la diretamente, precisamos da sabedoria especial da visão superior; essa sabedoria, por sua vez provém do tranqüilo permanecer. Nossa mente é insubordinada, sujeita a distrações, e sua natureza é o movimento. Para realizar a vacuidade de maneira direta, nossa mente precisa tornar-se muito serena e refinada pelo poder do tranqüilo permanecer.
Antes de desenvolver a concentração, sentimos algum desconforto físico e mental quase o tempo todo. Nosso estado mental muda com muita rapidez. A felicidade vai e vem. Nossa condição física também se altera num instante. Podemos estar bem pela manhã e adoentados ao anoitecer. Depois de atingir o tranqüilo permanecer, deixamos de sentir desconforto físico ou mental. Nossa mente se acalma, conseguimos sempre gerar pensamentos e sentimentos virtuosos, bem como criar as causas da felicidade.
Quando atingimos o tranqüilo permanecer, além de recebermos todos os benefícios, tornamo-nos capazes de beneficiar enormemente os outros, pois esse estado nos dá origem a outras aquisições, como os diversos tipos de clarividência. Existem cinco tipos de clarividência: a clarividência do olho divino, do ouvido divino, de conhecer mentes alheias, de recordar vidas passadas, a clarividência dos poderes miraculosos. Com clarividência do olho divino, vemos o que pessoas em lugares longínquos estão experienciando; e com a clarividência de conhecer mentes alheias, conseguimos saber o que pensam e quais os seus problemas.
Certa vez, um rei testou Arya Assanga para descobrir se ele tinha ou não clarividência. Interrogou-o diante de uma vasta assembléia mas, em vez de fazer as perguntas em voz alta, ele as fazia mentalmente. As perguntas eram sobre o sutras perfeição de sabedoria, e Assanga, com sua clarividência, respondeu todas as perguntas silenciosas do rei.
No momento atual, quando praticamos uma ação virtuosa e queremos manter a mente focalizada nela, continuamos a ter distrações e pensamentos negativos; portanto nossa virtude é fraca e impura. A mente o tempo todo perturbada por delusões, como raiva, apego desejoso, inveja. Nossa memória é imprecisa e instável e nossa inteligência obtusa. Entretanto, com o tranqüilo permanecer, obtemos o êxtase da maleabilidade física e mental e os antigos obstáculos à concentração desaparecem. Nosso corpo torna-se leve e maleável e saudável e nos sentimos leves como algodão; é como se pudéssemos atravessar paredes. Não sentimos desconfortos físicos e dispomos de uma energia para executar qualquer ação virtuosa. Mesmo sem fazer exercícios físicos, nosso corpo é maleável, bem preparado, e somos capazes de permanecer em concentração por longos períodos, sem desconforto. Sentimo-nos calmos o tempo todo, pois nossa mente está livre de tensão. Ela está sempre maleável e flexível.

Com o tranqüilo permanecer, suportamos circunstâncias difíceis e privações. Mesmo se ficarmos bastante tempo sem comer, não sentiremos nenhum desconforto. No Tibete, ainda vivem alguns monges, em remotas cavernas, que nunca foram descobertas pelos chineses, desde a invasão em 1959. Conseguem viver em seus retiros solitários, privados da comida que costumavam receber da população leiga.
Como fazem isso? Graças ao tranqüilo permanecer. Embora não sejam famosos eruditos, são praticantes sérios, com grande força interior e muitas realizações.É dessa força interior que tiram seu alimento e proteção.
Devemos contemplar os benefícios de desenvolver o tranqüilo permanecer, até gerarmos um imenso desejo de praticá-lo. Quando esse desejo surgir com clareza em nossa mente, passamos a meditação posicionada, para nos familiarizarmos com ele.
Futuramente voltaremos a falar mais sobre esse assunto de como atingir o tranqüilo permanecer.

Como complemento aconselho a leitura desses textos
clique aqui e depois aqui

domingo, 27 de setembro de 2009

Michelângelo e o blocos de marmore- Visão comum e visão superior

Certa vez quando perguntaram a Michelângelo como ele havia feito a estátua de Davi tão perfeita atráves do mármore, ele respondeu: Não fiz nada, ela sempre esteve ali, eu apenas aparei as arestas.
Moral da história:Onde todo mundo viu um bloco de mármore, ele viu Davi. Isso é que visão superior, quando todo mundo tem a visão comum.
E fica a reflexão o que enxergamos no nosso dia a dia, blocos de mármores ou Davis? Se você tem a visão comum, quão comum é você e o seu mundo...se você tem a visão superior, quão especial é você e o seu mundo...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Como são geradas as delusões

Todas as mentes não virtuosas surgem de 3 causas: a semente, o objeto e atenção imprópria.


1- semente= é a pontecialidade para desenvolver uma delusão. É criada por delusões geradas no passado, ou seja, por maus hábitos que temos familiaridades em realiza-los. Imagem quantas e quantas vidas não estamos comentendo ações negativas, nossa mente já se acostumou, se familiarizou em pensar de maneira errada.A prova disso é que precisamos meditar e investir esforço para termos pensamentos e açoes virtuosas, enquanto bobagens fazemos de forma natural, como um peixe que já nasce nadando.

2-objeto=é qualquer objeto que estejamos observando ao gerá-la. Não é preciso que seja percebido diretamente mas,se isso acontcer, a delusão se desenvolverá com mais força. Objetos de apego desejoso são os que achamos atraentes e objetos de aversão são os que julgamos desagradáveis. E praticamente impossível evitar todos os objetos de delusão. Mesmo se vivermos isolados em uma caverna, sempre haveriamos algum canto que pareceria mais atraente e algum tipo de clima que achariamos mais agradável.

3- atenção imprópria= é uma mente que se fixa nas qualidades de um objeto e as exagera. Ela é o que, de fato, gera as delusões. Por exemplo, se lembrarmos de alguém que nos prejudicou no passado e nos detivermos nisso, exagerando todo mal que nos feito, essa atenção imprópria nos fará brotar intenso ódio em nossa mente. Se pensarmos nas qualidades de um objeto e exagerarmos, essa atenção imprópria fará brotar intenso apego desejoso em nossa mente.

Da mesma forma que o fogo para existir precisa de calor, combustível e oxigênio. a delusão também precisará da semente, da atençãoimprópria e do obejto. Imaginemos o surgimento da raiva, uma pessoa já realizou muitas ações de raiva nessa vida e nas anteriores, portanto tem familiariedade com a raiva, então alguém a prejudica, ao lembrar dessa pessoa ( o objeto repulsivo), o individuo lembra com atenção imprópria, ou seja exagera e vê apenas os pontos negativos do objeto...a ponto da pessoa ( obejto) se tornar algo monstruoso, onde só existe o mal e logo a mente de raiva se instala. Observem como uma delusão é uma ilusão, ela vê um objeto de forma extremante distorcida.

O fogo não existe por si só, ele necessita de combustível, calor e oxigênio...na falta de um desses três elementos ele se apaga.As Delusões também dependem da semente, do objeto e da atenção imprópria. Na falta de uma delas, a delusão não existe. Portanto, se cuidarmos da atenção imprópria, não há ligação da semente com o objeto e a delusão desaparece. Para cuidarmos da atenção imprópria se obervamos as coisas por todos os pontos de vistas, olharmos todos os pontos positivos e negativos e assim diminuirmos o exagero que vemos as coisas por causa do nosso próprio interesse ou auto apreço.

Shakespeare era um Bodhisatwa?

"Mesmo que eu morasse em uma casca de noz, eu governaria o mundo

Shakespeare em Hamlet

O que ele quis dizer com essa frase? Sabemos que, por exemplo, uma cadeira não pode estar no mesmo lugar onde há uma mesa. Até matérias sutis como luz e ondas de rádio podem ser obstruídas por obstáculos físicos. A mente, contudo, não pode ser obstruída por obstáculos físicos. A presença de um muro, por exemplo, não impedirá a mente de pensar sobre o que existe por detrás dele. Do mesmo modo, embora haja um planeta entre a Austrália e o Brasil, nada nos impede de pensar na Austrália estando no Brasil. Os objetos físicos precisam de tempo para percorrer distâncias e, quanto maior à distância, maior o tempo. Mas a mente pode pensar em objetos longínquos num instante. Ela consegue, por exemplo, pensar no Sol ou nesse blog com igual rapidez. Embora nosso corpo permaneça imóvel, nossa mente pode se deslocar com igual rapidez, qualquer que seja a distância ou obstáculos a separa-los. A mente não é obstruída nem pelo tempo. Só de pensar sobre um acontecimento de nossa infância, ela vai para o passado.Embora a mente não seja obstruída por obstáculos físicos e nem pelo tempo, ela possui suas próprias obstruções que são o egoísmo, o pessimismo,as incertezas,o medo, a tristeza, magoas e qualquer outra mente não virtuosa.

Praticantes que dominaram a prática de transferência de consciência sabem por experiência própria, que mente e corpo são entidades separadas que posssuem o mesmo continuums, porque saõ capazes de ejetar para fora do corpo e ir para qualquer lugar, podendo entrar até no corpo de outros seres. Além disso, quando adormecemos e sonhamos a mente deixa o corpo físico e vaga por mundos de sonho, expericiando divertimentos e sofrimentos oníricos, ao passo que nosso corpo físico permancesse no mesmo lugar.

No momento, não somos capazes de testemunhar essa separação, mas meditadores realizados, que conseguem reter a contínua- lembrança, durante o sono e sonho, percebem, sua própria mente deixando o corpo físico denso, viajando por diferentes mundos e, mais tarde, quando o sonho acaba, reigressam no corpo.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

OS ANTIGOS MISTÉRIOS

Existe no Extremo Oriente uma crença antiga, e largamente difundida, numa galáxia de espíritos esclarecidos que vivem à parte das regiões inacessíveis da Ásia. Os historiadores e os filósofos da Grécia e de Roma da antiguidade mencionam igualmente essa tradição nas suas narrativas. O grande Pitagóras relata a viagem de Apolónio de Tiana ( senão me falha a memória) para uma região para além dos Himalaias que não pode deixar de ser o Tibete.

Nota-se o facto que Pitágoras e Apolonio estiveram em contato com um sistema muito velho de instrução iniciática conhecido como Grande Mistérios. Enquanto os Mistérios Menores eram simplesmente os cultos populares. os Grandes Mistérios eram reservados a um círculo restrito de espíritos cultos capazes de se elevarem acima do nível médio das massas.

"Deixai aproximar-se aquele cujas mãos estão puras e cujas as palavras são sábias," diz Celso (secII) a propósito das condições de admissão a esses mistérios. Uma narrativa, deixada por um escritor antigo a respeito dos iniciados, diz "que eles estão em posição de conhecer a significação do engima da existência pela observação dos seus objetivos e dos seus fins, tal como foram designados por Zeus". Estas citações oferecem um bom fio condutor para o conteúdo filosófico dos Grandes Mistérios.

Há dezenove séculos, Fílon, o Judeu, escrevia, a propósito dos Grandes Mistérios, as notáveis linhas que se seguem:


"Vós,ó iniciados, vós cujos os ouvidos estão purificados recebam isto em vossas almas como um mistério que jamais deve ser perdido! Não revelais a nenhum profano! Guardai-o e conservai-o em vós mesmos como um tesouro incorruptível, não como o ouro e a prata, mas mais precioso do que qualquer outra coisa- porque é o conhecimento da Grande Causa, da Natureza, e do que nasceu das duas."

No Egito, na Grécia, na Babilônia ou na Índia, aquele que aspirasse a iniciação, esperava revelações contemplando o infinito durante noites consteladas de estrelas. Assim Pitágoras encontrou as sete notas da escala e a "harmonia das esferas", o sentido filosófico dos números e a forma redonda da Terra. De maneira idêntica, Platão descobriu que as ideias abstratas formavam, por si mesmas, um mundo invisível. A natureza eterna do universo foi revelada a Heraclíto do Ponto. A maior parte da filosofia grega teve sua origem nos Mistérios do Egito. Pitagóras e Platão foram instruidos pelos grandes sacerdotes do vale do Nilo.
Heródoto, o grande historiador da antiguidade, falou dos Mistérios com um respeito muito grande: "Imponho-me um profundo silêncio acerca desses Mistérios, a maior parte dos quais não são conhecidos"

Os Mistérios usaram sempre uma linguagem hermética para salvaguardar os conhecimentos secretos. As palavras de Platão, numa carta a Denys, o jovem,podem servir de exemplo a esta velha prática: "Devo escrever-vos em enigma", observa: "para que a minha missiva se for interceptada por terra ou por mar, não possa, em nenhum grau ser de conhecimento, ser entendida por aquele que a ler". Considerando o simbolismo velado dos Grande Mistérios, "os seus ensinamentos são initeligíveis para os loucos", diziam os iniciados.

Ao longo da história, estes homens superiores ( iluminados, bodhisatwas) ouviram muito, falaram pouco e agiram como devia ser.

Parece que houve constantes trocas de conhecimentos entre grupos de iniciados da Ásia e os da bacia mediterrânea, apesar das enormes distãncias que os separavam. Esse fato explica a razão pela qual a doutrina pitagórica da reencarnação apareceu subitamente em Crotona ( sul da Itália), ensino que não era estranho no Egito, foi provavelmente trazido por Pitágoras da Índia.

Segundo Cícero e Virgílio, os Mistérios ensinavam a doutrina da reencarnação precisando que as dificuldades e as tristezas desta vida eram uma expiação dos erros e dos pecados anteriores.

A admissão aos Grandes Mistérios exigia complicadas cerimônias, chamadas iniciações. Atráves das obras dos autores clássicos, parece evidente que se manifestavam fenômenos extraordinários enquanto esses ritos se realizavam.

Platão, em Fedra, descreve essa impressões: "Tornamos-nos espectadores de visões perfeitas, simples , imutáveis e abençoadas, que consistem numa pura Luz". Procles, séc V, acrescenta que os Deuses apresentam muitas formas de si próprios, aparecem sob aspectos variados e por vezes oferecem à vista apenas a aparência de uma luminosidade sem contorno.

Os Mistérios receberam os maiores elogios de uma grande parte dos espiritos esclarecidos dos tempos antigos: Píndaro, Platão, Plutarco, Eurípedes, Cícero, Epicteto, Marco Aurélio e muitos outros. As narrativas dos grandes pensadores mostram o respeito que tinham pelos mistérios. E uma verdade histórica que a grande ciência, o imenso saber e a alta filosofia das Escolas dos Mistérios Egípcios estimularam os homens mais eminentes da idade clássica.

O caráter cósmico e significativo dos Grandes Mistérios torna-se aparente, partindo da doutrina fundamental de que a Terra é para o homem, simplesmente, um lugar de exílio e de que o espaço sideral é a sua verdadeira morada.

Assim, uma associação de Homens Sábios, mundialmente disseminada, foi criada na aurora da civilização e conseguiu conservar a Antiga Sabedoria durante milhares de anos. Alguns estão na Europa, outros na África, nos Himalaias, no coração da Ásia e também da América do Sul, estão ligados entre si pela harmonia que tem na alma, e assim formam um só corpo. Compreendem-se uns aos outros, embora falem linguas diferentes, porque a linguagem dos sábios é uma percepção espiritual. Prosseguem em segredo estudos filosóficos e cientificos sem se arriscarem as troças do mundo. Viviam por vezes no seu país, no seio de uma religião reconhecida, e pertenciam ao escol da sua terra. Noutras ocasiões, estavam fora da sua esfera, completamente ignorados como iniciados.

As escolas dos Mistérios do Egito, da Índia, da Grécia, da China e de outros paises da antiguidade podiam servir de exemplos ao costume de perpetuar o antigo saber. Segundo autores clássicos, os historiadores e os textos antigos, parece que os particpantes dos Grandes Mistérios eram homens de vistas largas, de uma elevada moralidade e de uma compreensão profunda. estudavam não só o homem, mas o universo. Estabelecia-se no mundo uma cadeia entre todos os centros, e quando qualquer civilização precisava receber, de ser incitada por um estimulo, rapidamente era socorrida pelos outros ramos dessa irmandade mundial. este fato explica a súbita onda de novas ideias durante certos períodos históricos e as mudanças radicais que acompanharam a sua adoção.

Os lendários Mahatamas dos Himalaias não são iniciados isolados, mas membros de uma confraria consagrada a ressureição espiritual da humanidade. Esta foi, pelo menos, a crença geral dos povos da Índia e do Tibete.


domingo, 6 de setembro de 2009

SAMSARA

Vivemos no que se chama Samsara que é o renascimento ininterrupto, sem escolha ou controle, é mundo que se observa e age pela ótica das delusões, da raiva, do apego e da ignorância.Não existe um ser vivo se quer que teve liberdade para escolher sua forma de vida, ou seja livre e tenha controle sobre as experiências dessa vida. Não tivemos escolha sobre o país onde nascemos, tampouco sobre a família, e não podemos escolher quando morreremos. Não escolhemos ser ricos ou pobres, saudáveis ou doentes. Pode parecer que muita gente é livre, mas não é...adoecem sem escolha, morrem sem escolha e renascem sem escolha.

Se afirmassemos: hoje vou dormir as 23 horas, vem um insônia e lá se vai a tal liberdade...Não podemos nem controlar nosso sono!!! Que de lá, todas as demais condições da vida!

Para termos a real liberdade devemos desenvolver o desejo de se libertar do samsara, portanto meditamos nas falhas do samsara e na sua natureza que é o sofrimento. Quando esse desejo de se libertar de todo e qualquer tipo de sofrimento surge geramos a renúncia. Renúncia é a firme decisão de nos libertarmos do samsara. Quando ouvimos a palavra Renúncia pela primeira vez, facilmente nos enganamos o que de fato significa essa palavra. Somos levados a pensar que alguém que desenvolveu renúncia e´alguém que abandonou todas as posses materiais e os relacionamentos humanos,parou de comer carne ou fez votos de castidade. Na verdade renúncia é uma mente que abandona o samsara e o samasaranão existe fora de nós.Portanto não podemos nos libertar simplesmente abandonando nossas posses, mudando o estilo de vida.

Se as posses, ambientes e prazeres não são o samsara, se os amigos e os parentes não são o samsara, se atividades mundanas e trabalho não são o samsara então o que é o samsara? Já disse na primeira linha é a vida sem controle!

Falhas do samsara ou sofrimentos que as pessoas enfrentam todos os dias

1- INCERTEZA, no samsara tudo é incerto!
A beleza é frágil. Ainda que jovens, nossa aparência varia enormemente de acordo com o estado mental. Pela manhã,pulamos da cama nos sentimos maravilhosos e com aparência radiante. No espaço de uma hora, as coisas podem dar errado e ficamos abatidos e lá se vai nossa sensação de de beleza, nosso rosto torna-se triste e sem graça e nosso corpo perde a vitalidade.

A saúde física e mental nunca é estável. Estamos bem pela manhã e doentes ao entardecer. No espaço de um dia, nosso bem estar físico flutua muitas vezes. Em um instante passamos do riso as lágrimas. Não somos capazes de sustentar uma mente sempre feliz.

Riquezas e posses perdem -se facilmente. imagine no caso das bolsas de 1929, ao tomarem café da manhã como milionários jamais imaginavam que jantariam pobres. Mesmo que conservamos durante a vida toda ao final temos que deixa-las.Riquezas são como empréstimos que cedo ou tarde temos que devolver.

Boa sorte e prosperidade são incertas. Quando o trabalho ou os negócios vão bem, tendemos a a nos julgar sãos e salvos. Mas basta uma pequena mudança em nosso ambiente ou uma alteração no governo para que, subitamente, para que todas as nossas perspectivas otimistas sejam arruinadas.

Amizades são instáveis . quando fazemos novos amigos, achamos que isso é para sempre. Mas nossos amigos mudam e, às vezes, bons sentimentos convertem-se em amargas hostilidades. Poucas palavras bastam para destruir a confiança e a comunicação franca entre amigos. Um fato ou um pensamento insignificantes são capazes de transformar sentimentos de amizade em inveja e ressentimento.Para aqueles cujas as mentes continuam atadas as delusões, as amizades são incertas e pouco confiáveis. No samsara todas as relações vão mudar é só uma questão de tempo!

2- INSATISFAÇÃO - Já que o samsara é incerto e sem controle, os seres a ele preso fazem planos, tem desejos que não são realizados, logo se tornam frustrados e por isso é tão difícil agradaras pessoas. Eu pessoalmente já desisti disso, faço apenas o que tenho que fazer, com a suprema intenção de que sejam felizes.

No samsara um bêbado pode beber um oceano de álcool e no dia seguinte irá quer mais. Casamentos são desfeitos porque parceiros não conseguem se satisfazer. Quando se tem forte apego desejoso, nunca se contenta com o outro, pois ninguém é capaz de satisfazer todos os desejos.

Nações entram em guerra por uma razão básica e simples. Não se contentam com as suas riquezas e recursos e querem se apropriar dos demais. Milhões de pessoas perderam a vida em guerras devido ao descontentamento coletivo da humanidade.

Os seres no samsara são como mariposas, que não se satisfazem com a beleza do fogo, mas se atiram na chama.

Vivemos desde de tempos sem inicio, preso em um mundo incerto e e insatisfeito...e olha que não falamos ainda de sofrimentos como nascimento, doença, envelhecimento e morte...ter que separar do que gostamos, enfrentar o que não gostamos, sofrimento da mudança, da dor manifesta, sofrimentos adjacentes e etc... o tempo todo a todo instante os seres sofrem...uns mais outros menos...mas todos sofrem

E SE NÃO HOUVESSE RAIVA NO MUNDO

Imaginem como seria o mundo se não houvesse raiva. O perigo das guerras desapareceria, exércitos torna-se-iam desnecessários e os soldados teriam que procurar outro trabalho. Armas, tanques e bombas nucleares-instrumentos úteis a mente raivosas-seriam destruídos e todos conflitos, desde guerras entre as nações até desavenças entre pessoas,acabariam. Se a conquista dessa harmonia e paz universal nos parecer utópica, podemos ao menos imaginar a tranquilidade que todos desfrutaríamos se nos livrássemos por completo dessa destruidora mente de raiva.

Reflexão: Tudo é como um sonho

Dois sujeitos sonham: Um sonha que rico e feliz por cem anos. O outro sonho que é rico e feliz por 5 minutos. Então ambos acordam, e o que adiantou? Da mesma forma como que acordados de um sonho nos encontramos na morte.E ai fica a pergunta o que adiantou ter sido rico e feliz por 100 anos ou por 5 minutos?

O que realmente importa é na vida termos acumulados, méritos, virtudes, compaixão e sabedoria.Somente as marcas de ações positivas e negativas que levaremos conosco. O resto é pura e mera ilusão.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Os seres vivos não tem falhas

No texto abaixo dissemos que os que buscam a iluminção os seres vivos são extremamentes preciosos, e ai fica a pergunta. Como considerar precioso alguém cuja a mente está impregnada de ódio, apego e ignorância?A resposta para essa objeção é bastante profunda. Embora as mentes dos seres vivos estejam repletas de delusões, eles próprios não são falhos. Dizemos que a água do mar é salgada, mas que torna salgada é a presença do sal. O gosto real da água não é salgado. Do mesmo modo, todas as falhas que vemos nas pessoas são falhas de suas delusões, não delas próprias. Quando alguém está com raiva dizemos: Ele é mau e raivoso. Mas os Budas pensam: " Ele é um sofredor, afligido pela doença interior da raiva". Se um amigo nosso estivesse com câncer, não iriamos culpa-lo por sua doença física. Do mesmo modo, se alguém estiver com raiva e apego, não devemos culpa-lo pela doença de sua mente.

As delusões são os inimigos dos seres sencientes: assim como não culpamos uma vitima pelos erros do seu agressor, por que culparíamos os seres sencientes pelos erros de seus inimigos interiores?

Assim como distiguimos entre uma pessoa e as suas delusões, também devemos lembrar que as delusões são apenas caracteristicas temporárias da mente de uma pessoa; não são sua verdadeira natureza. Delusões são pensamentos conceituais distorcidos, que surgem na mente, que surgem na mente como ondas num oceano; assim como as ondas podem extiguir-se sem que o oceano desapareça, nossas delusões podem acabar sem que o nosso continun mental cesse.

Porque os Budas fazem a distinção entre as delusões e pessoas, eles são capazes de enxergar as falhas das delusões sem jamais enxergar uma única falha em qualquer ser senciente. Consequentemente, o amor e a compaixão que setem pelos seres vivos nunca diminuem. Por sermos incapazes de fazer essa distinção, nós, ao contrário, estamos sempre encontrando falhas nos outros, mas não reconhcemos as falhasdas delusões, nem mesmo daquelas que estão dentro da nossa própria mente.

Há uma prece que diz:

Esta falha que vejo não é a falha da pessoa,
Mas da delusão
Compreendendo isso, possa eu nunca ver as falhas dos outros,
Mas ver os outros como supremos.

NADA É O QUE PARECE SER...

O que significa dizer que algo é precioso? Se nos perguntassem o que é mais precioso um diamante ou um osso, diriamos que o diamante. Diriamos isso por que o diamante é mais útil para nós.Contudo, para um cachorro, o osso seria mais precioso porque poderia roê-lo, ao passo que com o diamante nada faria. Isso indica que preciosidade não é uma qualidade intrínseca de um objeto, mas depende das necessidades e desejos de cada individuo, os quais, por sua vez, dependem de seu carma. Para quem tem um carma de cachorro o osso é valioso, para quem tem carma de humano comum é o diamante. Para a pessoa que deseja alcançar as realizações espirituais de amor , compaixão, bodhichitta e da grande iluminação, os seres vivos são mais preciosos que um universo repleto de diamantes.

Mas voltando ainda a questão do diamante e do osso, cuja a preciosidade dependem das necessidades, dos desejos e do carma, chegamos a conclusão que: As coisas em si não são boas e nem más, dependem de quem as observa. O objeto observado no caso do cachorro e do humano são os mesmos, mas o concebido são diferentes para cada um. O universo observado pelos Budas é o mesmo que o nosso, mas o concebido é diferente. Os Budas são onipotentes, onipresentes e onicientes,portanto não há dois poderes, de bem ou mal...há apenas um ... essa história do osso e do diamante nos dá apenas uma idéia porque o Universo na visão dos Budas é um terra pura, na nossa não.

sábado, 22 de agosto de 2009

A iluminação de Buda






Trecho do filme pequeno Buda que retrata a iluminação do príncipe Sidartha que então se torna Buda!

Sidarta dirigiu-se, então, para perto de Bodh Gaya, na Índia, onde encontrou um local adequado para meditar. Ali permaneceu, enfatizando uma meditação denominada “concentração espaçóide no dharmakaya”, que consiste em se concentrar unifocadamente na natureza última de todos os fenômenos.

Depois de treinar nessa meditação durante seis anos, ele percebeu que estava muito próximo de atingir a plena iluminação e andou até Bodh Gaya. Ali, num dia de lua cheia do quarto mês do calendário lunar, sentou-se em postura meditativa sob uma árvore bodhi e jurou que não sairia da meditação antes de atingir a perfeita iluminação. Assim determinado, entrou em concentração espaçóide no dharmakaya.

Ao cair da noite, Mara Devaputra, o chefe de todos os demônios deste mundo, tentou perturbar a concentração de Sidarta provocando aparições aterrorizantes. ( Cristo tal como Buda foi tentado no deserto, apenas lembrando que a vida de Buda é 600 anos antes) Manifestou hostes de tenebrosos demônios – alguns arremessavam lanças e flechas contra Sidarta, outros tentavam queimá-lo com fogo ou atiravam blocos de pedras e até montanhas sobre ele. Sidarta permaneceu completamente impassível.

Pela força de sua concentração, projéteis, pedras e montanhas apareciam-lhe como uma chuva de flores perfumadas, e as labaredas incandescentes convertiam-se em luminosas oferendas de arco-íris.

Ao ver que o medo não faria Sidarta abandonar sua meditação, Mara Devaputra tentou distraí-lo emanando um séquito de mulheres sedutoras. Porém, Sidarta reagiu concentrando-se ainda mais profundamente. Assim, ele triunfou sobre todos os demônios deste mundo, motivo pelo qual, mais tarde, tornou-se conhecido como “Buda Conquistador”.

Depois desse episódio, Sidarta prosseguiu com sua meditação até o alvorecer, quando atingiu a última mente de um ser limitado – a concentração vajra. Com essa concentração, ele removeu os derradeiros véus da ignorância e, no instante seguinte, tornou-se um Buda, um ser plenamente iluminado.

Observação importante: Na realidade, o que fez nessa ocasião foi demonstrar aos outros seres, como atingir a budeidade, que ele próprio consquistara, há muitos EONS, numa terra pura denominada Adornada de Paz e Flores.Nessa Terra Pura, ele atingiu a budeidade na forma do que chamamos corpo fruição denominado Buda Munivairochana. Depois de alcançar esse estado, ele apareceu sob muitas formas para beneficiar os seres vivos em todo UNIVERSO. Para o bem dos SERES QUE VIVEM NESTE SISTEMA SOLAR EM ESPECÍFICO. Buda manifestou-se sob a forma do corpo emanação conhecido como Buda Shakyamuni...Muni quer dizer sábio, Sakya era o nome do clã que pertencia o príncipe Sidartha.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Lamrim - As etapas do caminho

As etapas do caminho à iluminação, ou Lamrim em tibetano, é a coluna vertebral do Budismo Kadampa.

Lamrim é um conjunto especial de instruções que inclui todos os ensinamentos essenciais de Buda Shakyamuni arrumados de tal maneira que todos os seus ensinamentos hinayana e mahayana podem ser postos em prática numa única sessão de meditação.

Ele foi compilado pelo grande mestre budista indiano Atisha, que foi convidado para visitar o Tibete pelo Rei Jangchub Ö em AD 1042, e que ali passou o restante de sua vida difundindo puro Darma.

Linhagem ininterrupta

Existe uma linhagem completamente pura e ininterrupta dessas instruções de Lamrim desde Buda Shakyamuni até nossos atuais Guias Espirituais.

Muitos eminentes Professores Kadampa disseram que é muito mais importante obter experiência do Lamrim do que alcançar clarividência, poderes miraculosos ou elevado status social.

Isso é verdade porque, em vidas anteriores, freqüentemente, tivemos clarividência e poderes miraculosos e, no passado, ocupamos muitas vezes nas mais elevadas posições nos reinos dos humanos e dos deuses, mas apesar disso continuamos a experienciar renascimentos descontrolados e o sofrimento físico e mental causados por raiva, apego, inveja e confusão.

Liberdade de todo sofrimento

Se obtivermos profunda experiência do Lamrim, não haverá base para esses problemas; vamos ficar completamente livres de todos eles.

Primeiro devemos compreender o valor do Lamrim. Então, fazendo as meditações com alegria e paciência, vamos gradualmente experienciar os frutos da prática de Lamrim.

Por fim, vamos alcançar a liberdade de todo sofrimento e a paz e felicidade imutáveis da iluminação.

Vinte e uma meditações

Existem 21 meditações de Lamrim, que são geralmente praticadas num ciclo de três semanas como uma prática diária de meditação:

Nossa preciosa vida humana
Morte e impermanência
O perigo de um renascimento inferior
Prática de refúgio
Ações e seus efeitos
Desenvolver renúncia pelo samsara
Desenvolver equanimidade
Reconhecer que todos os seres vivos são nossas mães
Lembrar a bondade dos seres vivos
Equalizar eu e outros
As desvantagens do auto-apreço
As vantagens de apreciar os outros
Trocar eu por outros
Grande compaixão
Tomar
Grande amor
Dar
Bodichita
Tranqüilo-permanecer
Visão superior
Confiar num Guia Espiritual

Os três principais aspectos do caminho

UM LAMRIM CONDENSADO POR JE TSONGKHAPA

Homenagem ao Venerável Guia Espiritual

Explicarei o melhor que puder
O significado essencial de todos os ensinamentos do Conquistador,
O caminho louvado pelos sagrados Bodissatvas
E a porta para os afortunados à procura de libertação.

Tu que não és apegado às alegrias do samsara,
Mas que te esforças para tornar tuas liberdades e dotes significativos,
Ó afortunado, cuja mente está consagrada aos caminhos que agradam os Conquistadores,
Por favor, ouve com mente clara.

Sem pura renúncia, não há meio de apaziguar
O apego pelos prazeres do samsara.
E como os seres vivos estão fortemente presos ao samsara pelo desejo,
Começa buscando renúncia.

Liberdades e dotes são difíceis de encontrar e não há tempo a perder.
Familiarizando a mente com isso, supera o apego por esta vida,
E contemplando repetidamente as ações e seus efeitos
E os sofrimentos do samsara, supera o apego por vidas futuras.

Quando, por assim contemplar, o desejo pelos prazeres do samsara
Não surgir sequer por um instante,
Mas uma mente ávida por libertação surgir ao longo do dia e da noite,
Então, renúncia terá sido gerada.

Contudo, se essa renúncia não for mantida
Pela bodichita completamente pura,
Ela não será causa da perfeita felicidade da iluminação insuperável;
Logo, o sábio gera uma suprema bodichita.

Arrastadas pela correnteza dos quatro poderosos rios,
Fortemente atadas pelos grilhões do carma, tão difíceis de romper,
Capturadas nas malhas de ferro do auto-agarramento,
Completamente envolvidas pela escuridão do breu da ignorância,

Renascendo vezes sem conta no ilimitado samsara
E incessantemente atormentadas pelos três sofrimentos –
Ao contemplar o estado de tuas mães em condições como essas,
Gera a suprema mente [da bodichita].

Porém, embora possas estar familiarizado com renúncia e bodichita,
Se não possuíres a sabedoria de compreender como as coisas realmente são,
Não conseguirás cortar a raiz do samsara;
Assim, empenha-te em aplicar os métodos para realizar a relação-dependente.

Quem quer que negue o objeto concebido do auto-agarramento
E, além disso, enxergue a infalibilidade de causa e efeito
De todos os fenômenos no samsara e no nirvana,
Terá ingressado no caminho que agrada aos Budas.

A aparência dependente-relacionada é infalível,
E a vacuidade, inexprimível;
Enquanto o significado de ambas parecer separado,
Tu não terás ainda realizado a intenção de Buda.

Quando elas surgirem como uma, não de modo alternado, mas simultâneo,
Por meramente ver o relacionamento dependente infalível,
Virá um certo conhecimento que destrói todo agarramento pelos objetos.
Nesse momento, a análise da visão terá se completado.

Ademais, quando o extremo da existência for dissipado pela aparência,
E o extremo da não-existência for dissipado pela vacuidade,
E tu entenderes como a vacuidade é percebida como causa e efeito,
Não mais serás cativado por visões extremas.

Quando, desse modo, tiveres entendido corretamente os pontos essenciais
Dos três principais aspectos do caminho,
Caro amigo, retira-te em solidão, gera um intenso esforço
E realiza rapidamente a meta final.

Renúncia

Renúncia não é o desejo de abandonar nossa família, amigos, casa ou trabalho e nos tornar um mendigo; é uma mente que serve para acabar com o apego por prazeres mundanos e que busca a libertação do renascimento contaminado.

Precisamos aprender como acabar com nosso apego por meio da prática de renúncia ou ele se tornará um sério obstáculo a uma prática espiritual pura. Assim como um pássaro não pode voar se tiver pedras amarradas nas patas, também não podemos fazer progressos no caminho espiritual se estivermos firmemente amarrados pelas correntes do apego.

O momento de praticar renúncia é agora, antes da nossa morte. Precisamos reduzir nosso apego pelos prazeres mundanos, compreendendo que são enganosos e que não podem nos oferecer satisfação verdadeira. Na realidade, eles só nos fazem sofrer.

Esta vida humana com todos os seus sofrimentos e problemas é uma grande oportunidade para aperfeiçoarmos nossa renúncia e compaixão. Não devemos desperdiçar esta preciosa oportunidade.

A realização de renúncia é o portal pelo qual ingressaremos no caminho espiritual à libertação, ou nirvana. Sem renúncia, não conseguiremos sequer ingressar no caminho à felicidade suprema do nirvana, que dirá avançar nele.
Para gerar e aumentar nossa renúncia, devemos contemplar repetidamente o seguinte:

Porque minha consciência não tem um começo, já experienciei incontáveis renascimentos no samsara e tive incontáveis corpos. Se todos eles fossem reunidos, ocupariam o mundo inteiro, e o sangue e demais fluídos que corriam dentro deles formariam um oceano. Tão grandes foram meus sofrimentos em todas essas vidas anteriores, que derramei lágrimas de dor suficientes para formar um outro oceano.

A cada vida, passei pelos tormentos de adoecer, envelhecer, morrer, ser separado de pessoas queridas e não poder satisfazer meus desejos. Se eu não atingir a libertação permanente do sofrimento agora, terei de passar por tudo isso repetidamente em minhas incontáveis vidas futuras.

Contemplando assim, do fundo do nosso coração, geramos a firme determinação de abandonar o apego pelos prazeres mundanos e conquistar libertação permanente dos renascimentos contaminados. Se colocarmos essa determinação em prática, poderemos controlar nosso apego e, desse modo, solucionar muitos dos nossos problemas diários.

Bodhichita

O supremo bom coração, neste contexto, é a bodichita. Bodhi significa iluminação, em sânscrito, e chitta, mente; portanto, o sentido literal do termo “bodichita” é “mente de iluminação”.

Ela é definida como uma mente que, motivada por compaixão por todos os seres vivos, espontaneamente busca a iluminação.

A bodichita nasce da grande compaixão, que, por sua vez, depende do amor apreciativo.

O amor apreciativo pode ser comparado a um campo, a compaixão, às sementes, o tomar e dar, aos métodos supremos que fazem as sementes crescerem, e a bodichita, à colheita.

O amor apreciativo que se desenvolve por meio da prática de trocar eu por outros é mais profundo que o cultivado por outros métodos e, portanto, a compaixão e a bodichita resultantes dele também são mais profundas.

Se não tivermos grande compaixão, o desejo espontâneo de proteger todos os seres vivos do sofrimento, não poderemos gerar a bodichita. Mas, com grande compaixão, especialmente a que se gera com a prática de trocar eu por outros, a bodichita surgirá naturalmente. A força da nossa bodichita depende inteiramente da força da nossa grande compaixão.

De todas as realizações de Darma, a bodichita é a suprema. Essa mente profundamente compassiva é a verdadeira essência do treino do Bodissatva. Cultivar o bom coração da bodichita nos capacita a aperfeiçoar todas as nossas virtudes, solucionar nossos problemas, satisfazer desejos e desenvolver o poder de ajudar os outros das maneiras mais adequadas e benéficas.

A bodichita é nosso melhor amigo e a qualidade mais elevada que podemos gerar. Em geral, consideramos uma boa pessoa alguém que é bondoso com os amigos, que cuida dos seus pais e contribui generosamente com causas justas. No entanto, muito mais elogiável é uma pessoa que dedicou a vida para aliviar o sofrimento de todos os seres vivos!

Atisha teve muitos professores, mas reverenciava Guru Serlingpa acima de todos. Sempre que ouvia o nome desse Guru, fazia prostrações. Quando perguntado pelos discípulos por que respeitava Serlingpa mais que aos outros, Atisha respondeu: “Foi graças à bondade de Guru Serlingpa que consegui gerar o bom coração da bodichita”. Pelo poder da sua bodichita, Atisha era capaz de transmitir grande alegria e felicidade a todos que encontrava, e tudo o que fazia era em benefício dos outros.

Vacuidade

Avacuidade não é um “nada”, mas é a real natureza dos fenômenos.
Verdade última, vacuidade e natureza última dos fenômenos são o mesmo.

É preciso saber que todos os nossos problemas surgem porque não compreendemos a verdade última. Permanecemos na prisão do samsara porque, devido às nossas delusões, continuamos a nos envolver em ações contaminadas. Todas as nossas delusões surgem da ignorância do auto-agarramento.

A ignorância do auto-agarramento é a fonte de todos os nossos problemas e negatividades, e a única maneira de erradicá-la consiste em realizar a vacuidade. Não é fácil compreender a vacuidade, mas é extremamente importante nos esforçarmos para fazê-lo. Nossos esforços serão, por fim, recompensados com a cessação permanente do sofrimento e com o êxtase incessante da plena iluminação.

O propósito de compreender a vacuidade e meditar sobre ela é livrar nossa mente de concepções errôneas e aparências equivocadas, para que venhamos a nos tornar um ser completamente puro, ou iluminado.

Neste contexto, o termo “concepção errônea” refere-se à ignorância do auto-agarramento – uma mente conceitual que se agarra aos objetos como se fossem verdadeiramente existentes; e “aparência equivocada” refere-se à aparência de existência verdadeira dos objetos. Concepções errôneas são obstruções à libertação e aparências equivocadas são obstruções à onisciência. Só um Buda abandonou ambas as obstruções.

Existem dois tipos de auto-agarramento: de pessoas e de fenômenos. Com o primeiro, agarramo-nos ao nosso próprio eu e ao eu dos outros como se fossem verdadeiramente existentes; com o segundo, agarramo-nos aos demais fenômenos como se fossem verdadeiramente existentes. As mentes que apreendem nosso corpo e mente, nossas posses e o mundo como verdadeiramente existentes são exemplos do auto-agarramento de fenômenos.

A principal finalidade de meditar sobre a vacuidade é reduzir e, por fim, eliminar os dois tipos de auto-agarramento. O auto-agarramento é a fonte de todos os nossos problemas; nosso sofrimento é diretamente proporcional à intensidade do nosso auto-agarramento.

Por exemplo, quando nosso auto-agarramento está muito forte, ficamos aborrecidos até quando alguém nos provoca de brincadeira, ao passo que em outras ocasiões, quando está mais fraco, podemos até rir com a pessoa que nos provocou. Uma vez que tenhamos destruído por completo nosso auto-agarramento, todos os nossos problemas desaparecerão naturalmente. Até temporariamente, meditar sobre a vacuidade é muito útil para superarmos ansiedad

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Vídeo do sutra coração de sabedoria

Esse vídeo do filme, o Pequeno Buda de Bernado Bertolucci, mostra a recitação do sutra Coração de Sabedoria que fala da natureza última de todas as coisas..." Não há nenhum caminho, nenhuma sabedoria, nenhum ganho...Assim vivem os Bodhisatwas na perfeição de sabedoria, sem obstáculos a mente...sem obstáculos, portanto sem medo...MUITO ALÉM DOS PENSAMENTOS ILUDIDOS ESSE É O NIRVANA.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Vários

Embora todos os praticantes realizados pratiquem a humildade, eles ou elas aceitarão qualquer posição social que lhes permita beneficiar um grande número de seres sencientes. Um desses membros poderia se tornar um membro da sociedade próspero, poderoso e respeitado, mas sua única motivação continuaria sendo beneficiar os outros. Ele ou ela não se sentiria atraído por aquisições mundanas, pois reconheceria que são enganosas e um desperdício do seu mérito. Ainda que se tornasse um rei, consideraria que toda sua riqueza pertence aos outros e, no seu coração continuaria a vê-los como supremos. Por que ele não se agarraria à sua posição ou bens como sendo seus...

Devemos praticar a humildade até quando nos relacionamos com pessoas, que segundo as convenções sociais, são iguais ou inferiores a nós. Por que não conseguimos ver a mente dos outros, não sabemos quem é um ser realizado ou não. Alguém que não tenha uma posição social elevada, mas cultive no seu coração bondade amorosa por todos os seres vivos será, na realidade, um ser realizado. Além disso os Budas, os Seres iluminados, podem se manifestar sob quaisquer formas para ajudar os seres vivos e, a menos que sejamos um Buda, um Ser Luminoso, não teremos como saber quem é ou não uma emanação búdica. Não podemos dizer com certeza que nosso melhor amigo ou o pior inimigo, que a nossa mãe ou até nosso cachorro não seja uma emanação. Achar que conhecemos bem uma pessoa e vê-la agir de maneiras deludidas não significa que ela seja uma pessoa comum. O que vemos é um reflexo de nossa própria mente. UMA MENTE COMUM DELUDIDA, CERTAMENTE PERCEBERÁ UM MUNDO REPLETO DE PESSOAS COMUNS E DELUDIDAS. No cristianismo há um frase que diz: "Se seus olhos são trevas, quão trevas será o mundo"

Bom o que interessa é o seguinte: Uma das vantagens da humildade é que ela nos capacita a aprender com todos os seres. Uma pessoa orgulhosa não consegue aprender com os outros por que sempre acha que sabe mais que eles. Já uma pessoa humilde, que respeita a todos e admite que talves sejam emanações de um Buda, tem uma mente receptiva para aprender com qualquer pessoa ou situação. Assim como a água não fica acumulada no pico da montanha. boas qualidades e bênçãos também não podem permanecer nos picos rochosos do orgulho. Se, ao contrário, mantivermos uma atitude humilde e respeitosa, boas qualidades e inspiração fluirão em nossa mente o tempo todo, como riachos fluindo pelos vales.