Há contudo uma outra razão pela qual Apolônio é importante para nós. Ele era um admirador entusiástico da sabedoria da Índia. Aqui também se abre um tópico de grande interesse. Que influências, se alguma houve, teve o Budismo sobre o pensamento ocidental naqueles primeiros anos? Alguns asseveram enfaticamente que houve grande influência; do mesmo modo enfático outros negam que tenha havido alguma. Portanto é aparente que não há evidência realmente inquestionável a respeito do assunto.
Exatamente como alguns atribuiriam a influência Pitagórica sobre a constituição das comunidades Essênias e Terapêuticas, outros atribuiriam suas origens à propaganda Budista; e não somente eles detectariam esta influência nos preceitos e práticas Essênias, mas relacionariam até o ensino geral de Cristo a uma fonte Budista sob uma feição monoteísta Judia. E não só, mas alguns diriam que dois séculos antes, através do contato direto e comum da Grécia com a Índia, produzido pelas conquistas de Alexandre, a Índia, via Pitágoras, teria influenciado forte e duradouramente todo o pensamento grego posterior.
Apolônio parece ter tentado ajudar seus ouvintes, quaisquer que pudessem ser, do modo mais adequado para cada um deles. Ele não começava lhes falando que aquilo no que acreditavam era completamente falso e mortal para a alma, e que seu bem-estar eterno dependia de sua adoção instantânea de seu esquema especial de salvação; ele simplesmente tentava purgar e explicar melhor aquilo que eles já acreditavam e praticavam.
Então, é nesta atmosfera de caridade e tolerância que pediríamos ao leitor abordar a consideração de Apolônio e seus feitos, e não só a vida e atos de um Apolônio, mas também de todos aqueles que têm tentado ajudar seus semelhantes em todo o mundo.
Apolônio de Tíana nasceu em Capadócia (atualmente Turquia central), no ano 4 da nossa era, precisamente no ano que se supõe ser o nascimento de Cristo. Era alto, belo e notadamente inteligente. Ao quatorze anos de idade, não puderam continuar a instruí-lo porque ele já sabia mais do que aqueles que o ensinavam. Aos dezesseis anos, entrou para o templo de Esculápio e pronunciou os votos pitagóricos. Vivendo numa existência ascética, desenvolveu, no entanto, a um grau surpreendente, os seus dons de clarividente e terapeuta.
Ao mesmo tempo consagrou-se a defender energicamente as idéias da justiça social, atacando os que exploravam os pobres. Filóstrato relata um incidente a respeito de uma especulação de sementes que, por essa razão, se tornaram muito caras aos deserdados. Consternado o jovem Apolônio apostrofou os mercadores de trigo: “A terra é nossa mãe, a mãe de todos nós, porque ela é justa; mas vós sois injustos e pretendeis monopolizar a mãe de todos, só em vosso proveito. Se não vos arrependeis, eu não permitirei que continueis aqui.” A sua ameaça teve o efeito desejado e suspendeu a ação dos especuladores sem escrúpulos.
Produziu-se um acontecimento importante, por ordem dos Deuses, durante a vida do jovem neopitagórico, quando um sacerdote de Apolo do Templo de Dafne lhe trouxe uma placa de metal coberta de diagramas. Era o mapa das viagens de Pitágoras através dos desertos, dos rios e das montanhas indicando a rota que o filosofo tinha tomado para ir à Índia. Apolônio decidiu seguir o mesmo itinerário e preparou-separa uma longa expedição.
Chegando a Babilônia, o seu comportamento excêntrico fascinou de tal forma o rei que este convidou Apolônio para prolongar sua permanência no reino. E foi Nínive que encontrou o assírio Dâmis, que se torna ao mesmo tempo seu guia, seu companheiro leal e seu discípulo. É, em grande parte, a Dâmis que devemos suas narrativas das suas peregrinações à Índia e ao Tibete.
Depois de um longo e difícil percurso, Apolônio e Dâmis atravessam o Indo e seguiram o curso do Ganges. Num ponto do vale do Ganges, voltaram à direção norte, nos Himalaias, subiram pela montanhosa cordilheira por dezoito dias. Esta caminhada devia tê-los conduzidos ao Nepal do Norte ou ao Tibete. Mas Apolônio tinha um mapa e sabia exatamente onde se encontrava a Mansão dos Sábios.
Apesar da sua confiança, começaram a dar-se fatos perturbadores à medida que Apolônio e seu companheiro se aproximavam de seu destino. Tiveram a estranha sensação de que o caminho por onde acabavam de passar desaparecia subitamente atrás deles. Estavam em um lugar encantado, onde a própria paisagem se movia e se transformava para o viajante não fosse capaz de estabelecer um ponto de referência fixo.
Mas, de súbito, apareceu diante de Apolônio e de Dâmis um rapaz muito novo, de pele tisnada, que se dirigiu em grego ao filósofo como se sua vinda fosse esperada: “A vossa comitiva deve ficar aqui, mas vós deveis seguir-me, tal como vós sois, porque os próprios Mestres deram essa ordem”. A palavra Mestres soava agradavelmente aos ouvidos pitagóricos de Apolônio de Tiana.
Quando Apolônio de Tiana foi apresentado ao Rei dos Sábios, cujo o nome era Iarchas (Santo Mestre), ficou surpreendido que o conteúdo da carta que se dispunha entregar já era conhecido, assim como por aquele que formavam o ambiente familiar que o rodeava, do mesmo modo que os incidentes de sua longa viagem desde a Capadócia.
Apolônio ficou vários meses na região trans-himalaiana. Durante sua permanência nesses lugares, o filósofo e Dâmis puderam admirar coisas incríveis, como poços de uma brilhante luz azulada. Havia as patarbas ou pedras fosforescentes, que irradiavam uma tal claridade que a noite se transformava em dia.
Segundo Dâmis, os habitantes da cidade sabiam utilizar a energia solar. Os Homens Sábios podiam servie-se da gravidade para se elevarem no espaço a uma altura de três pés e eram mesmo capazes de planar. Apolônio observou uma cerimônia q qual os Sábios batiam no chão com seus bastões e eram, em seguida, transportados pelos ares. Foram verificados fenômenos idênticos pela erudita exploradora Senhora David Néel, no inicio do século XX, o que torna valida a narrativa de filostrato. Bem como, também a história de que Shantideva subiu aos ares para declamar os o nono e décimo capitulo do Guia do Estilo de Vida do Bodhisatwa.
Quando chegou a altura da separação, Apolônio disse aos Sábios das Montanhas: Vim até vós pelos caminhos da terra e vós me abristes não só os caminhos do mar, mas também, pela vossa sabedoria, o dos céus. Tudo que me ensinastes eu contarei aos gregos e, se não bebi em vão pela taça de Tântalo. Ficarei em comunicação convosco como se vós estivésseis presentes. Numa referencia clara a comunicação telepática.
Lentamente os dois homens tornaram a descer pela planices da Índia e retomaram seu longo caminho para o Ocidente. Finalmente, chegaram a Esmirna, onde segundo as orientações recebidas, Apolônio deveria chegar encontrar um estátua da sua ultima encarnação sob os traços de Palamede. Dâmis testemunha que o filosofo não teve nenhuma dificuldade em encontrar o exato local que lhe foi indicado.
As autoridades romanas não deixaram de fazer perguntas ao viajante quando do seu regresso da Índia a Itália. Em resposta a pergunta: O que pensais vós de Nero, Apolônio? O filosofo grego respondeu: Podeis-vos pensar que Ele deve cantar, mas eu julgo que seria mais conveniente para ele calar-se. Dar uma opinião dessas no momento que o Governo Imperial de Roma fazia a famosa limpeza entre os filósofos era uma perigosa provocação. Apolônio de Tiana viu-se em breve intimado a comparecer perante o tribunal romano, onde se deu um extraordinário incidente. Quando o procurador desenrolava o documento que continha as provas de culpabilidade de Apolônio, as palavras começaram a baralhar-se umas as outras, e depois desapareceram diante dos olhos do estupefato juiz! Em lugar do texto acusador, o tribunal encontrava-se diante de um manuscrito virgem, e foi obrigado a colocar o filosofo em liberdade.
O imperador Tito reinava havia dois anos quando sucedeu o seu irmão Domiciano, demasiado cruel e orgulhoso para ouvir um profeta. A aparência oriental que aquele havia adotado- a barba e os cabelos longos- exasperava o velho Apolônio, com a idade de 85 anos, foi acusado de sacrilégio e conspiração; quer dizer. De atividades anti romanas.
Fazendo frente ao imperador romano, Apolônio enrolou-se nobremente no seu manto e interpelou-o. Tu podes apoderar-te de meu corpo, não da alma, disse ele. E acrescentou: E mesmo do corpo não poderás!. Depois dessas palavras desapareceu no tribunal, num ofuscante clarão, na presença de centenas de cidadão e soldados que enchiam as galerias publicas reaparecendo em seguida aos seus discípulos que o esperavam na praia.
Sobre sua idade na época de seu misterioso desaparecimento das páginas da história, Fillóstrato diz que Damis não fala nada; mas alguns, acrescenta, dizem que ele estava com 90, e outros com 100 anos.
Ps- A entre seus inúmeros milagres está também a ressuscitação de mortos.
Amo Apolonio de Tiana
ResponderExcluirAPolônio de Tiana e o Oriente são minhas outras vidas. bjus
ResponderExcluirobrigado, sejam bem vindas ao blog
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