quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Buda e a história de Magadabatri

Na época de Buda Shakyamuni, vivia uma jovem senhora chamada Magadabatri, que tinha imensa fé em Buda e em seus discípulos.

Ela morava em outro país com o seu marido, que não era budista, e a família dele.

Embora a família fosse frequentemente visitada por um venerável professor não-budista, Magadabatri não se sentia satisfeita com isso, e não se cansava de elogiar as qualidades do seu próprio professor, Buda Shakyamuni.

De tanto ouvi-la, a sogra começou a sentir grande fé em Buda e pediu a Magadabatri que o convidasse a visitá-los.

Quando ela lhes prometeu que Buda e seu séquito chegariam no dia seguinte, todos custaram a acreditar. Disseram que, mesmo se Buda já estivesse a caminho, era impossível que chegasse em tão pouco tempo.

Magadabatri subiu ao telhado da casa, ofereceu flores e incenso e pediu a Buda que viesse visitá-la, recitando a prece de convite ao Campo de Mérito.

Buda escutou o pedido da moça por meio de seus poderes de clarividência e convocou seus quinhentos discípulos Destruidores de Inimigos, dizendo que aqueles que tivessem poderes miraculosos poderiam acompanhá-lo no dia seguinte.

Um deles, não querendo ser deixado para trás, meditou a noite inteira a fim de obter os poderes miraculosos necessários para voar ao lado de Buda!

Enquanto isso, a sogra de Magadabatri avisou toda a vizinhança que Buda Shakyamuni chegaria naquele dia, acompanhado por quinhentos discípulos: "Magadabatri contou-me que eles virão voando diretamente das terras de seu pai!".

Houve grande surpresa e excitação. Formaram-se grupos nos pontos mais altos da vizinhança, e todos olhavam para o céu, tentando descobrir de qual direção Buda viria.

Para beneficiar a todos, Buda emanou dezoito formas similares à sua, uma em cada portão da cidade.

Embora um único Buda tenha entrado na casa de Magadabatri, todos os habitantes da região conseguiram vê-lo e desenvolveram profunda fé nele. Daí em diante, engajaram-se plenamente na prática do Darma.

FÉ, a fonte de todas aquisições.


adaptado do livro Caminho Alegre da Boa Fortuna de Gesh Kelsang Gyatso (p66)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A DOENÇA HUMANA DA INSATISFAÇÃO

Incontáveis são os desejos mas, por mais que nos esforcemos, temos sempre a impressão que nunca foram satisfeitos. Mesmo quando obtemos o que queremos, não é do jeito que esperávamos. O objeto é nosso, mas não extraímos satisfação por possuí-lo. Por exemplo, se o nosso sonho for enriquecer, quando tivermos enriquecido a vida não será como havíamos imaginado e não acharemos que nosso desejo não foi satisfeito. Isso acontece porque nossos desejos não diminuem a medida que nossa riqueza aumenta. Quanto mais temos, mais queremos. A riqueza que perseguimos nunca será encontrada, porque não há riqueza capaz de saciar nossos desejos. Para piorar as coisas, ao tentar obter um objeto almejado, criamos novas ocasiões de descontentamento. Cada objeto de desejo vem acompanhado de outros indesejáveis. Por exemplo, com a riqueza vem os impostos, insegurança e complexos assuntos financeiros. Essas implicações indesejáveis impedem-nos de sentir que realmente obtivemos o que queríamos.
Refletindo vamos ver que nossos desejos são descomedido. Desejamos tudo que há de melhor no samsara ( o renascimento e a vida descontrolada)- o melhor emprego, o melhor parceiro, a melhor reputação, a melhor casa, o melhor carro, as melhores férias. Qualquer coisa que não seja a melhor nos deixa um sabor de decepção. Assim, continuamos a procurar sempre, sem nunca encontrar o que queremos. Na realidade, nenhum objeto impermanente é capaz de nos oferecer a satisfação completa e perfeita que desejamos. Coisas melhores estão sempre sendo produzidas.Propagandas anunciam por toda parte a a chegada da última novidade do mercado mas, após alguns dias, chega outra que supera da véspera. A produção de novidades para cativar nossos desejos é interminável.
Talvez pensemos que as pessoas que levam uma vida mais simples no campo estejam contentes. Entretanto, um olhar mais atento revela que procuram mas não acham o que querem. Não desfrutam de uma verdadeira paz e satisfação, e suas vidas estão cheias de problemas e ansiedades. Seu sustento depende de muitos fatores incertos e completamente fora de controle, como por exemplo, o tempo. Nas cidades os homens de negócio tampouco passam imunes pelo descontentamento. Ao caminhar elegantes e segurando suas pastas de executivos, costumam causar impressão de eficiência e autoconfiança. Mas as aparências enganam e e seus corações estão repletos de insatisfações. Continuam a buscar, sem nunca encontrar o que almejam.
refletindo sobre esse ponto, podemos ser levado a concluir que a solução para obter o que queremos está em renunciar a todas as nossas posses. Contudo, se checarmos, veremos que pobres também não acham que procuram. Eles não dispõem de necessidades básicas de sobrevivência. Mudar frequentemente de situação também não evita tal sofrimento. Alguém pode pensar que novos empregos, novos parceiros ou viajar pelo mundo afora são coisas que nos levam a obter o que desejamos. Porém, mesmo que viajássemos por todos os lugares do globo e tivéssemos uma nova amante a cada parada, continuaríamos a buscar um lugar diferente e uma amante nova. No samsara ( a vida sem controle, levados de uma situação a outra pela ondas das não virtudes e do carma) não existe a real satisfação de nossos desejos. como disse o VII Dalai Lama(( o atual é o XIV) :
" Todos os que vejo em posição superior ou subalterna, ordenados ou leigos, homens ou mulheres diferenciam-se somente na aparência, roupas comportamento ou status. Na essência, são todos iguais, todos experienciam problemas na vida.
Cada vez que temos um problema, pensamos que foi causado por circunstâncias particulares e que, mudando-as, o problema desaparecerá. Culpamos as outras pessoas, nossos amigos, nossa comida, o governo, o tempo, a sociedade, a história e assim por diante. Todos são efeitos, tudo é causa e efeito. Energia é causa, matéria é efeito. Nossas ações, pensamentos e sentimentos passados são a causa a energia...a vida é efeito. Portanto, em vez de fugir dos efeitos atráves de novas situações na vida, devemos identificar tais experiências dolorosas como conseqüência de nossas próprias ações prejudiciais e gerar um desejo sincero de abandonar suas causas. Essa sincera renúncia e uma satisfação com que temos faz com que aproveitemos cada minuto de nossa vida com alegria. Um mente alegre muda nossa energia, muda nossa vibração e faz com que coisas boas vão acontecendo naturalmente e o melhor sempre satisfeito. Alegria, chama alegria.