quarta-feira, 27 de maio de 2009

UMA MANEIRA DE DESENVOLVER AMOR E COMPAIXÃO POR TODOS

Todos os seres vivos merecem ser apreciados devido à tremenda bondade que nos demonstraram. Nossa felicidade temporária e última nasce por intermédio da bondade deles. Até nosso corpo é resultado dessa bondade. Não o trouxemos de nossa vida anterior – ele se desenvolveu a partir da união do esperma paterno e do óvulo materno.

Após a concepção, nossa mãe bondosamente permitiu que ficássemos em seu ventre, nutrindo-nos com seu sangue e calor, suportando grande desconforto e passando pela dolorosa provação do parto, para nos beneficiar. Viemos ao mundo nus e de mãos vazias, mas imediatamente recebemos um lar, comida, roupas e tudo o de que precisávamos. Enquanto éramos um bebê indefeso, nossa mãe nos protegeu contra os perigos, alimentou-nos, limpou e amou. Sem a sua bondade, hoje não estaríamos vivos.

Por ter recebido alimentos, líquidos e cuidados, nosso corpo gradualmente cresceu, passando daquele bebê pequeno e indefeso ao corpo que temos hoje. Toda essa nutrição que recebemos nos foi proporcionada, direta ou indiretamente, por incontáveis seres vivos. Cada célula de nosso corpo é, portanto, o resultado da bondade alheia. Até alguém que nunca conheceu sua mãe, recebeu alimentos e cuidados de outras pessoas. O simples fato de estarmos vivos é um testemunho da grande bondade dos outros.

É só porque temos este corpo com faculdades humanas que somos capazes de desfrutar dos prazeres e oportunidades da vida humana. Até simples divertimentos, como dar um passeio ou ver um lindo pôr do sol, podem ser consideramos como resultado da bondade de inúmeros seres vivos. Nossas habilidades e talentos provêm da bondade dos outros; foi preciso que nos ensinassem a comer, andar, falar, ler e escrever.

A própria língua que falamos não é uma invenção nossa, mas o produto de muitas gerações. Sem isso, não poderíamos nos comunicar nem compartilhar nossas idéias. Não seria possível ler este texto, tampouco pensar com clareza. Todas as facilidades e serviços que damos por favas contadas, como casas, carros, estradas, lojas, escolas, hospitais e cinemas, só existem graças à bondade alheia. Quando viajamos de carro ou de ônibus, nem ligamos para as estradas pelas quais passamos, porém foram muitas as pessoas que trabalharam arduamente para construí-las e torná-las seguras.

Se alguém que nos ajuda tem ou não a intenção de fazê-lo é irrelevante. Recebemos o benefício de suas ações; logo, do nosso ponto de vista, isso é uma bondade. Em vez de atentarmos para a motivação dos outros, que por sinal nunca conhecemos, devemos nos concentrar nos benefícios práticos que recebemos. Todo aquele que contribui de algum modo para a nossa felicidade e bem-estar merece nossa gratidão e respeito. Se tivéssemos que devolver tudo o que nos foi dado, não nos restaria absolutamente nada.

Podemos argumentar que as coisas não nos são dadas de graça, mas que temos que trabalhar por elas. Quando vamos às compras ou entramos num restaurante para comer temos que pagar. Usamos um carro, mas antes disso foi preciso comprá-lo e, agora, temos que abastecê-lo, pagar impostos, seguros etc. Ninguém nos dá nada de graça. Porém, de onde tiramos nosso dinheiro? É verdade que geralmente temos que trabalhar para ganhar dinheiro, mas devemos admitir que quem nos emprega ou compra nossas mercadorias, indiretamente, está nos fornecendo dinheiro.

Além disso, só podemos executar um determinado tipo de trabalho porque fomos devidamente treinados ou instruídos por outras pessoas. Para onde quer que nos voltemos encontramos a bondade dos outros. Estamos todos interconectados numa teia de bondade da qual é impossível nos separar. Tudo o que temos e apreciamos, inclusive nossa própria vida, deve-se à bondade alheia. De fato, toda a felicidade do mundo resulta dessa bondade. Nosso desenvolvimento espiritual e a felicidade pura da plena iluminação também dependem da bondade dos seres vivos. Ademais, se não houvesse seres vivos com quem praticar generosidade, testar nossa paciência ou gerar compaixão nunca conseguiríamos desenvolver as qualidades virtuosas que são necessárias à conquista da iluminação.

Em resumo, precisamos dos outros para nosso bem-estar físico, emocional e espiritual. Sem eles, não somos nada. Nossa sensação de ser uma espécie de ilha, independente e autônoma, não condiz com a realidade. É bem mais realista nos imaginarmos como uma célula no vasto corpo da vida, distinta, porém intimamente ligada a todos os seres vivos. Não podemos existir sem os outros e eles, por sua vez, sofrem a influência de tudo o que fazemos. Achar que é possível garantir nosso próprio bem-estar enquanto negligenciamos o dos outros, ou até passando por cima deles, é totalmente irrealista.
Contemplando as inúmeras maneiras pelas quais os outros nos ajudam, devemos tomar uma firme decisão: "Devo apreciar todos os seres vivos, pois eles são extremamente bondosos comigo". Com base nessa determinação, desenvolvemos um sentimento de apreço – um senso de que todos os seres vivos são importantes e que sua felicidade conta.

Tentamos misturar nossa mente com esse sentimento e tentamos mantê-lo unifocadamente pelo maior tempo que pudermos, sem esquecê-lo. Ao sair da meditação, tentamos conservar essa mente de amor, de modo que, sempre que nos encontramos com uma pessoa ou nos lembramos dela, naturalmente pensamos: "Essa pessoa é importante, a felicidade dela é importante". Dessa maneira, podemos tornar "apreciar os outros" a nossa prática principal. A

compaixão quando é forte podemos transformar todas as suas atividades diárias num meio para beneficiar os outros, sem mudar absolutamente nada do que fazemos exteriormente.

5 comentários:

  1. Paula, obrigado

    Maurício

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  2. Simplesmente maravilhoso...tão maravilhoso que só agora quanto eu leio isso é que reconheço que eu já sentia isso...e não sabia...obrigado...GSP

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  3. Maravilhoso, finalmente entendi o que é ompaixão.
    Lina

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