quinta-feira, 29 de abril de 2010

A PERFEIÇÃO DE PACIÊNCIA

Precisamos de paciência mesmo que não estejamos interessados no desenvolvimento espiritual, porque sem paciência ficamos vulneráveis a ansiedade, frustração e inquietação e dificilmente conseguimos manter relações harmoniosas.

Paciência é o oponente da raiva, que, por sua vez, é o mais poderoso destruidor de virtudes. Podemos ver nossa experiência quanto sofrimento nasce da raiva. Por causa dela, não valíamos corretamente as situações e somos compelidos a agir de maneira deplorável. Ela destrói nossa paz mental e perturba todos ao nosso redor. Mesmo as pessoas que normalmente gostam de nós afastam-se quando nos vêem com raiva. A raiva pode nos levar a repudiar ou insultar nossos pais e, quando intensa, é capaz de nos impelir a matar pessoas que amamos ou até a tirar nossa própria vida.

Geralmente, a raiva é desencadeada por algo insignificante, como um comentário que tomamos como ofensa pessoal, um hábito que achamos irritante ou uma expectativa frustrada. A partir de pequenas experiências como essas, a raiva tece uma fantasia elaborada, exagerando os aspectos negativos e desagradáveis da situação e criando razões e justificativas para sentimentos de frustração, ultraje ou ressentimento. Então falamos e fazemos coisas que prejudicam os outros, ofendendo-os transformando pequenas dificuldades em grandes problemas.

Se alguém nos perguntasse quem causou as guerras nas quais tantos seres humanos morreram, teríamos que forma as mentes raivosas. Se as nações estivessem repletas de pessoas calmas e pacíficas, as guerras não poderiam sequer começar. A raiva é o maior inimigo dos seres vivos. Ela nos prejudicou no passado , prejudica-nos agora e, se não for superada por meio da prática de paciência, continuará a nos prejudicar no futuro. Como disse Shantideva:

" esse inimigo, a raiva, nem tem outra função além de me prejudicar."

Inimigos externos de forma mais lenta e menos sutil e , se praticarmos paciência em relação a eles, poderemos até conquista-los e transforma-los em amigos. Com a raiva, ao contrário, não existe conciliação possível. Se formos brandos com ela, seremos ainda mais prejudicados. Além disso, enquanto inimigos externos só conseguem nos prejudicar numa única vida, a raiva pode fazê-lo em muitas vidas futuras. Portanto, é preciso eliminar a raiva tão logo ela desponte em nossa mente, pois se não fizermos, ela rapidamente se converterá num fogo voraz que consumirá todo nosso mérito.

A paciência, por outro lado, ajuda-nos nesta vida e em todas as vidas futuras. Como disse Shantideva:

"Não existe mal maior que a raiva
Nem virtude maior que a paciência."

Trecho extraído do livro o voto do Bodhisatwa de Gesh Kelsang Gyasto

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