quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Abandonar o apego ao corpo

Se não reduzirmos o apego ao nosso próprio corpo, será impossível mantermos a disciplina moral pura. Em nome de proteger nosso corpo, prejudicamos os outros e cometemos uma série de ações não-virtuosas. Assim, devemos perguntar; porque aprecio tanto esse corpo? Por que defendo e penso que é meu? Quando a morte nos separada nossa forma física, temos de partir sozinhos, sem amigos. Quem protegerá nosso corpo então? Se não vamos poder protegê-lo nessa hora, porque ficamos ansiosos em protegê-lo agora?

Quem vai herdar nosso corpo quando tivermos morrido? Em alguns países, o corpo morto torna-se um banquete para abutres e chacais. Em outros, é cremado e pouco difere da madeira usada como combustível. Há lugares em que o cadáver é enterrado e se converte em barro e sujeira. Um cadáver também pode ser atirado ao mar, onde será lentamente devorado pelos peixes. Se pudermos reconhecer que o corpo tão cuidado por nós é potencialmente banquete de abutres, lenha ou poeira, não iremos aferrar a ele com apego tão forte, nem sentir que realmente nos pertence. Se, malgrado essas considerações, ainda quisermos proteger nosso corpo, então vamos ter de fazê-lo muito bem, porque o intransigente Senhor da Morte logo vai chegar.

Nós e nosso corpo não somos o mesmo e, em breve, vamos ser separados dele. Portanto, qual é o sentido ou propósito de protegê-lo e de nos apegarmos a ele?

Poderíamos argumentar: “Uma vez que este corpo é meu bastante tempo, devo continuar a protegê-lo.” Mas essa resposta revela confusão de uma mente ignorante. Me primeiro lugar não há um eu independente que possua qualquer coisa. Porque devemos nos ater aos nossos agregados, pus sangue, membros, excremento, urina etc. Como se fossem um verdadeiro eu ou meu?

Se for proteger algo, é mais sensato protegermos uma peça de madeira limpa do que apegarmos a essa máquina pútrida, repleta de impurezas.

A fim de superar essa delusão do apego, devemos analisar nosso corpo minuciosamente á procura de algo que seja limpo, puro e digno dessa exagerada possessividade. Vamos dissecar mentalmente nosso corpo. Separem a pele da carne e examinem se a pele é pura ou não. Despreguem a carne dos ossos e perguntem se isso é limpo. O que dizer então do tutano dentro dos ossos? Olhe para o corpo uma pessoa e veja como ela é por dentro uma máquina com ossos, vezes, sangue, órgãos ambulante... Um saco de ossos e carne, como um boneco desengonçado.

O único motivo para guardar nosso corpo é usá-lo para praticar virtude. De outro modo, só que estamos fazendo é preparar e cuidar comida para os chacais e vermes da terra.

Se o corpo não vai nos servir, então para que nutri-lo com comida e bondade é como remunerar um empregado que não trabalha. Se considerarmos nosso corpo como nosso servo em vez de nosso amo, como fazemos normalmente, poderíamos adotar uma atitude realista sobre como cuidar dele e alimentá-lo. Ficaríamos felizes em lhe pagar um salário justo sempre que ajudasse a praticar virtudes para o beneficio nosso e dos outros; contudo, seríamos críticos e rigorosos sempre que descobríssemos que não beneficiássemos ninguém.

Outra maneira de ver nosso corpo seria considerá-los como um barco. Nesse caso, nossa consciência poderia ser vista como um viajante em busca da preciosa ilha da iluminação. A fim de cruzar o oceano do sofrimento e atingir a nossa meta, é muito mais importante guardamos nosso barco- o precioso corpo humano-até alcançar a nossa destinação e conquistar a jóia dos desejos, que é o corpo plenamente purificado de um iluminado.

Em resumo, precisamos buscar um equilíbrio, reduzimos nossa atitude possessiva e apegada ao corpo, enquanto continuamos a mantê-lo como veiculo para nossas práticas espirituais. O melhor meio é acostumar a mente a ver o que realmente é um corpo, analisando as cinco partes pele, carne, ossos, tutano e órgãos internos.

Uma pergunta essencial que devemos sempre nos fazer é: Estou apegado a quê exatamente?

terça-feira, 17 de novembro de 2009

ESFORÇO DA ARMADURA

Com esforço, tudo se conquista. Ganhamos experiências de Dharma e nossos problemas diminuem. Com menos problemas, nosso avanço à iluminação torna-se mais fácil e somos capazes de realizar inúmeros feitos. Devemos reconhecer que todos nós possuímos a semente de iluminação e encontramos os métodos perfeitos para atingir a iluminação. Agora, só precisamos aplicar esforço.
Existem três tipos de esforço:
1- Esforço da armadura
2-Esforço de reunir Dharmas virtuosos
3- Esforço de beneficiar os outros
Hoje vamos falar apenas do esforço da armadura.
ESFORÇO DA ARMADURA
O esforço da armadura é um tipo de esforço que nos torna confiantes e nos faz pensar: " Por maior que sejam as dificuldades, por mais tempo que isso leve, cumprirei minha meta e atingirei a Budeidade ( ou iluminação) para o beneficio de todos." Ou então: "Mesmo que eu demore muito para beneficiar um ser vivo, vou completar minha tarefa espiritual".
Esse esforço é assim chamado porque nos protege contra a preguiça, como as armaduras protegiam os guerreiros contra os inimigos. Quando acordamos, devemos vestir o esforço da armadura, com a decisão ter perseverança ao longo do dia, quaisquer que sejam as dificuldades.
O esforço da armadura deve estar presente sempre que estivermos aplicando os outros tipos de esforço.
Futuramente falaremos dos quatro métodos para intensificar nosso esforço, conhecido como os quatros poderes:
1- poder da aspiração
2-poder da constância
3-poder da alegria
4-poder da descontração.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

FÉ A CONEXÃO COM O GANCHO QUE NOS TIRA DO SOFRIMENTO

A Bodichita ( a mente que deseja a iluminação para o beneficio de todos os seres, eu disse todos os seres e não apenas humanas, e não apenas desse mundo , mas de todo o universo) melhor definição clique aqui . A Bodichita é como um tesouro inesgotável que elimina pobreza de todos os seres, satisfazendo todos os seus desejos. De que modo os Budas e Bodhisatwas, esses seres supremos que possuem a bodichita, eliminam a pobreza? Provendo-nos com inesgotáveis ensinamentos de Dharma e presentes materiais, eles podem satisfazer temporariamente nossas necessidades físicas e espirituais. Além de disso, conduzindo-nos ao estado de felicidade perene e à completa iluminação, eles podemos libertar da pobreza. E nesse sentido que a Bodichitta é como um tesouro inesgotável.

Se a Bodichitta é tão poderosa, por que tantos seres nesse mundo e em outros reinos continuam atormentados pela pobreza e por outros males? O motivo é que o poder dos seres iluminados é como um gancho de ferro e, para que sejamos içados do nosso sofrimento, temos que estabelecer uma conexão com esse gancho por meio do nosso próprio anel de fé. Se permanecermos passivos, à espera de uma salvação vinda de fora, sem nada fazer do nosso próprio lado para desenvolver nossa mente, continuaremos a sofrer como sempre.

Fé é essencial. Se tivermos apenas conhecimento, sem fé, facilmente tomaremos o Dharma num plano meramente intelectual. Se não tivermos fé, ainda que dominemos a lógica budista e façamos habilidosas análises, nossa mente continuará indomada, porque não estaremos colocando o Dharma em prática. Sem fé, não vamos gerar realizações espirituais e facilmente aumentaremos nossa vaidade intelectual. Portanto a fé deve ser apreciada como algo extremamente precioso. Assim como todos os lugares são permeados pelo espaço, também todos os estados virtuosos são permeados por fé.

Mas afinal o que é Fé? O que é esse anel que nos conecta com o gancho que nos retira dos sofrimento?

Fé é uma mente naturalmente virtuosa que serve, acima de tudo, para se opor à percepção de falhas de seu objeto observado. Existem dois tipos de virtude: Virtude natural e virtude de motivação. Virtude natural é uma mente que é virtuosa pelo seu próprio poder, independente de uma motivação específica que a torne virtuosa.

Existem 3 tipo de fé: a fé de acreditar, a Fé de admirar e a Fé de almejar.

Fé de acreditar é uma crença em qualquer objeto condizente ao nosso desenvolvimento espiritual, como os dois caminhos do método e da sabedoria, os três corpos de um Buda e etc...

Fé de admirar é um estado mental tranquilo é lúcido, livre de concepção negativas, que surge quando contemplamos as boas qualidades dos objetos virtuosos ou dos seres sagrados.

Fé de almejar é o desejo de seguir qualquer caminho virtuoso por reconhecer as qualidades positivas desse caminho. Todas as aspirações virtuosas pertencem a esse caminho, como por exemplo o desejo de se tornar um Buda. A bodichitta possui duas aspirações de atingir a iluminaçaõ e de beneficiar todos os seres- ambas as aspirações são classificadas como fé de almejar.

A fé de acreditar baseia-se na fé de admirar, mas é muito mais forte e bem definida. Até os animais desenvolvem a fé de admirar, mas não de acreditar essa requer a adoção consciente de uma visão especial.

Lembrando, porém que no Budismo não existe fé cega.Buda Shakyamuni acautelou seus discípulos para não adotarem essa atitude equivocada:

Não aceitam meus ensinamentos simplesmente porque sou chamado de Buda.

Várias vezes, ele relembrou seus discípulos para não aceitarem seus ensinamentos com fé cega, mas, sim, testá-los cuidadosamente como se examinassem ouro. Não devemos aceitar ensinamentos de ninguém, nem do próprio Buda, a não ser com base em razões válidas e em experiência pessoal.

Nos ensinamentos sobre as quatro confianças, Buda deu mais orientações para chegarmos a um inequívoco entendimento dos ensinamentos. Ele disse:

Não confia na pessoa, mas no Darma.
Não confia nas palavras, mas no significado.
Não confia no significado interpretativo, mas no significado definitivo.
Não confia na consciência, mas na sabedoria.

O significado destas linhas é o seguinte:

(1) Quando estivermos decidindo sobre que doutrina vamos confiar, não devemos nos satisfazer com a fama ou reputação de um determinado Professor, mas em vez disso devemos examinar o que ele, ou ela, ensina. Se, mediante investigação, acharmos que os ensinamentos são lógicos e impecáveis, devemos aceitá-los; mas se carecerem dessas qualidades, devemos rejeitá-los, por mais famoso ou carismático que seu expositor possa ser.

(2) Não devemos ser influenciados simplesmente pelo estilo poético ou retórico de um determinado ensinamento, mas devemos aceitá-lo somente se o significado efetivo das palavras for lógico.

(3) Não devemos nos satisfazer simplesmente com o significado interpretativo da verdade convencional, mas devemos confiar e aceitar o significado definitivo da verdade última da vacuidade. Em outras palavras, porque os ensinamentos do método sobre a bodichita e os ensinamentos de sabedoria sobre a vacuidade etc são companheiros, não devemos nos satisfazer somente com um ou com o outro, mas devemos praticar ambos em conjunto.

(4) Não devemos nos satisfazer com estados de consciência impuros e enganosos, mas devemos depositar nossa confiança na sabedoria do equilíbrio meditativo dos Seres Superiores.

Se compreendermos essas quatro confianças e as usarmos para avaliar a verdade dos ensinamentos que recebemos, seguiremos um caminho inequívoco. Não correremos o perigo de adotar visões falsas ou cair sob a influência de Professores que mostram o caminho errado. Seremos capazes de discriminar corretamente o que deve ser aceito e o que deve ser rejeitado, e desse modo seremos protegidos contra falhas como o sectarismo.

Para encerrar: Certa vez na Índia houve um período de fome e muita gente morreu. Uma senhora idosa procurou seu Guia Espiritual e disse: Por favor ensina uma maneira de eu salvar minha vida. O Guia aconselhou-a comer pedras. Então ela perguntou: Mas como irei torna-la comestíveis ? O mestre respondeu se recitares o mantra da deusa Tsunda, poderá cozinha-las. Porém, ao ensinar o mantra cometeu um leve engano e , em vez de OM TZALE TZULE TZUNDE SÖHA, acabou ensinando OM BALE BULE BUNDE SÖHA. A senhora depositou grande fé nesse mantra, recitou com concentração, cozinhou e comeu as pedras.

Seu filho, um monge, preocupado com sua saúde , foi visitá-la. Ficou espantando ao vê-la gorducha e bem disposta e falou: Mãe, como é possível que esteja tão saudável, quando até os jovens estão morrendo de fome? Quando ela contou como fazia, o filho logo percebeu o equivoco e disse: Teu mantra está errado! Ao ouvir essa palavras, a velhinha encheu-se de dúvida. Tentou recitar os dois mantras, mas nenhum deles funcionou, pois sua fé tinha sido destruída.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Apolônio de Tiana e o oriente

Há contudo uma outra razão pela qual Apolônio é importante para nós. Ele era um admirador entusiástico da sabedoria da Índia. Aqui também se abre um tópico de grande interesse. Que influências, se alguma houve, teve o Budismo sobre o pensamento ocidental naqueles primeiros anos? Alguns asseveram enfaticamente que houve grande influência; do mesmo modo enfático outros negam que tenha havido alguma. Portanto é aparente que não há evidência realmente inquestionável a respeito do assunto.

Exatamente como alguns atribuiriam a influência Pitagórica sobre a constituição das comunidades Essênias e Terapêuticas, outros atribuiriam suas origens à propaganda Budista; e não somente eles detectariam esta influência nos preceitos e práticas Essênias, mas relacionariam até o ensino geral de Cristo a uma fonte Budista sob uma feição monoteísta Judia. E não só, mas alguns diriam que dois séculos antes, através do contato direto e comum da Grécia com a Índia, produzido pelas conquistas de Alexandre, a Índia, via Pitágoras, teria influenciado forte e duradouramente todo o pensamento grego posterior.


Apolônio parece ter tentado ajudar seus ouvintes, quaisquer que pudessem ser, do modo mais adequado para cada um deles. Ele não começava lhes falando que aquilo no que acreditavam era completamente falso e mortal para a alma, e que seu bem-estar eterno dependia de sua adoção instantânea de seu esquema especial de salvação; ele simplesmente tentava purgar e explicar melhor aquilo que eles já acreditavam e praticavam.

Então, é nesta atmosfera de caridade e tolerância que pediríamos ao leitor abordar a consideração de Apolônio e seus feitos, e não só a vida e atos de um Apolônio, mas também de todos aqueles que têm tentado ajudar seus semelhantes em todo o mundo.

Apolônio de Tíana nasceu em Capadócia (atualmente Turquia central), no ano 4 da nossa era, precisamente no ano que se supõe ser o nascimento de Cristo. Era alto, belo e notadamente inteligente. Ao quatorze anos de idade, não puderam continuar a instruí-lo porque ele já sabia mais do que aqueles que o ensinavam. Aos dezesseis anos, entrou para o templo de Esculápio e pronunciou os votos pitagóricos. Vivendo numa existência ascética, desenvolveu, no entanto, a um grau surpreendente, os seus dons de clarividente e terapeuta.

Ao mesmo tempo consagrou-se a defender energicamente as idéias da justiça social, atacando os que exploravam os pobres. Filóstrato relata um incidente a respeito de uma especulação de sementes que, por essa razão, se tornaram muito caras aos deserdados. Consternado o jovem Apolônio apostrofou os mercadores de trigo: “A terra é nossa mãe, a mãe de todos nós, porque ela é justa; mas vós sois injustos e pretendeis monopolizar a mãe de todos, só em vosso proveito. Se não vos arrependeis, eu não permitirei que continueis aqui.” A sua ameaça teve o efeito desejado e suspendeu a ação dos especuladores sem escrúpulos.

Produziu-se um acontecimento importante, por ordem dos Deuses, durante a vida do jovem neopitagórico, quando um sacerdote de Apolo do Templo de Dafne lhe trouxe uma placa de metal coberta de diagramas. Era o mapa das viagens de Pitágoras através dos desertos, dos rios e das montanhas indicando a rota que o filosofo tinha tomado para ir à Índia. Apolônio decidiu seguir o mesmo itinerário e preparou-separa uma longa expedição.

Chegando a Babilônia, o seu comportamento excêntrico fascinou de tal forma o rei que este convidou Apolônio para prolongar sua permanência no reino. E foi Nínive que encontrou o assírio Dâmis, que se torna ao mesmo tempo seu guia, seu companheiro leal e seu discípulo. É, em grande parte, a Dâmis que devemos suas narrativas das suas peregrinações à Índia e ao Tibete.

Depois de um longo e difícil percurso, Apolônio e Dâmis atravessam o Indo e seguiram o curso do Ganges. Num ponto do vale do Ganges, voltaram à direção norte, nos Himalaias, subiram pela montanhosa cordilheira por dezoito dias. Esta caminhada devia tê-los conduzidos ao Nepal do Norte ou ao Tibete. Mas Apolônio tinha um mapa e sabia exatamente onde se encontrava a Mansão dos Sábios.

Apesar da sua confiança, começaram a dar-se fatos perturbadores à medida que Apolônio e seu companheiro se aproximavam de seu destino. Tiveram a estranha sensação de que o caminho por onde acabavam de passar desaparecia subitamente atrás deles. Estavam em um lugar encantado, onde a própria paisagem se movia e se transformava para o viajante não fosse capaz de estabelecer um ponto de referência fixo.

Mas, de súbito, apareceu diante de Apolônio e de Dâmis um rapaz muito novo, de pele tisnada, que se dirigiu em grego ao filósofo como se sua vinda fosse esperada: “A vossa comitiva deve ficar aqui, mas vós deveis seguir-me, tal como vós sois, porque os próprios Mestres deram essa ordem”. A palavra Mestres soava agradavelmente aos ouvidos pitagóricos de Apolônio de Tiana.

Quando Apolônio de Tiana foi apresentado ao Rei dos Sábios, cujo o nome era Iarchas (Santo Mestre), ficou surpreendido que o conteúdo da carta que se dispunha entregar já era conhecido, assim como por aquele que formavam o ambiente familiar que o rodeava, do mesmo modo que os incidentes de sua longa viagem desde a Capadócia.

Apolônio ficou vários meses na região trans-himalaiana. Durante sua permanência nesses lugares, o filósofo e Dâmis puderam admirar coisas incríveis, como poços de uma brilhante luz azulada. Havia as patarbas ou pedras fosforescentes, que irradiavam uma tal claridade que a noite se transformava em dia.

Segundo Dâmis, os habitantes da cidade sabiam utilizar a energia solar. Os Homens Sábios podiam servie-se da gravidade para se elevarem no espaço a uma altura de três pés e eram mesmo capazes de planar. Apolônio observou uma cerimônia q qual os Sábios batiam no chão com seus bastões e eram, em seguida, transportados pelos ares. Foram verificados fenômenos idênticos pela erudita exploradora Senhora David Néel, no inicio do século XX, o que torna valida a narrativa de filostrato. Bem como, também a história de que Shantideva subiu aos ares para declamar os o nono e décimo capitulo do Guia do Estilo de Vida do Bodhisatwa.

Quando chegou a altura da separação, Apolônio disse aos Sábios das Montanhas: Vim até vós pelos caminhos da terra e vós me abristes não só os caminhos do mar, mas também, pela vossa sabedoria, o dos céus. Tudo que me ensinastes eu contarei aos gregos e, se não bebi em vão pela taça de Tântalo. Ficarei em comunicação convosco como se vós estivésseis presentes. Numa referencia clara a comunicação telepática.

Lentamente os dois homens tornaram a descer pela planices da Índia e retomaram seu longo caminho para o Ocidente. Finalmente, chegaram a Esmirna, onde segundo as orientações recebidas, Apolônio deveria chegar encontrar um estátua da sua ultima encarnação sob os traços de Palamede. Dâmis testemunha que o filosofo não teve nenhuma dificuldade em encontrar o exato local que lhe foi indicado.

As autoridades romanas não deixaram de fazer perguntas ao viajante quando do seu regresso da Índia a Itália. Em resposta a pergunta: O que pensais vós de Nero, Apolônio? O filosofo grego respondeu: Podeis-vos pensar que Ele deve cantar, mas eu julgo que seria mais conveniente para ele calar-se. Dar uma opinião dessas no momento que o Governo Imperial de Roma fazia a famosa limpeza entre os filósofos era uma perigosa provocação. Apolônio de Tiana viu-se em breve intimado a comparecer perante o tribunal romano, onde se deu um extraordinário incidente. Quando o procurador desenrolava o documento que continha as provas de culpabilidade de Apolônio, as palavras começaram a baralhar-se umas as outras, e depois desapareceram diante dos olhos do estupefato juiz! Em lugar do texto acusador, o tribunal encontrava-se diante de um manuscrito virgem, e foi obrigado a colocar o filosofo em liberdade.

O imperador Tito reinava havia dois anos quando sucedeu o seu irmão Domiciano, demasiado cruel e orgulhoso para ouvir um profeta. A aparência oriental que aquele havia adotado- a barba e os cabelos longos- exasperava o velho Apolônio, com a idade de 85 anos, foi acusado de sacrilégio e conspiração; quer dizer. De atividades anti romanas.

Fazendo frente ao imperador romano, Apolônio enrolou-se nobremente no seu manto e interpelou-o. Tu podes apoderar-te de meu corpo, não da alma, disse ele. E acrescentou: E mesmo do corpo não poderás!. Depois dessas palavras desapareceu no tribunal, num ofuscante clarão, na presença de centenas de cidadão e soldados que enchiam as galerias publicas reaparecendo em seguida aos seus discípulos que o esperavam na praia.

Sobre sua idade na época de seu misterioso desaparecimento das páginas da história, Fillóstrato diz que Damis não fala nada; mas alguns, acrescenta, dizem que ele estava com 90, e outros com 100 anos.

Ps- A entre seus inúmeros milagres está também a ressuscitação de mortos.

sábado, 10 de outubro de 2009

A raiva e os relacionamentos

A raiva é particularmente destrutiva no convívio entre as pessoas. Quando vivemos em contato íntimo com alguém, nossas personalidades, prioridades, interesses e maneiras de fazer as coisas freqüentemente se chocam. Porque passamos tanto tempo juntos e conhecemos tão bem os defeitos da outra pessoa, é muito fácil sermos críticos e mal-humorados em relação a ela e culpá-la por tornar nossa vida insuportável. A menos que façamos um esforço contínuo para lidar com essa raiva tão logo ela surja, nosso relacionamento se desgastará.

Um casal pode se amar de verdade, mas se constantemente sentirem raiva um do outro, seus momentos de felicidade serão cada vez mais raros. Chegará um ponto em que antes de terem se refeito de uma briga, outra já terá começado. Como uma flor sufocada por ervas daninhas, o amor não pode sobreviver em tais circunstâncias.

A convivência íntima cria oportunidades para que a raiva surja inúmeras vezes num dia. Assim, para evitar que maus sentimentos se instalem, precisamos lidar com a raiva logo que ela surja em nossa mente.

Não esperamos o final do mês para lavar nossa louça diária, pois não queremos viver numa casa suja nem enfrentar um trabalho imenso e desagradável. Da mesma forma, precisamos nos esforçar para limpar a sujeira de nossa mente assim que ela aparecer, pois se permitirmos que se acumule, será cada vez mais difícil lidar com ela e colocaremos em risco nossos relacionamentos.

Deveríamos lembrar que cada momento de raiva é também uma oportunidade para desenvolvermos paciência. Um relacionamento cheio de conflitos de interesses é também uma oportunidade inigualável para desgastar nosso auto-agarramento-apreço e auto-agarramento-agarramento, as verdadeiras fontes de todos nossos problemas. .

É por meio da raiva e do ódio que transformamos as pessoas em inimigos. Costumamos pensar que a raiva surge quando encontramos uma pessoa desagradável, mas de fato é a raiva, que já esta dentro de nós, que converte aquela pessoa num suposto inimigo. Alguém que é controlado por sua raiva está envolto numa visão de mundo paranóica, cercado por inimigos imaginários.

A falsa crença de ser odiado por todos torna-se, às vezes, tão intensa que a pessoa é levada à loucura, vítima de sua própria delusão

No Budismo não há fé cega

Em Quem e No Que Devemos Confiar?

Nos dias de hoje, há uma forte tendência à acreditar sem hesitação nas palavras que são ditas por uma pessoa que tem elevada reputação, enquanto um praticante humilde que dá ensinamentos precisos e perfeitos com freqüência não é apreciado nem acreditado. Buda Shakyamuni acautelou seus discípulos para não adotarem essa atitude equivocada:

Não aceitam meus ensinamentos simplesmente porque sou chamado de Buda.

Várias vezes, ele relembrou seus discípulos para não aceitarem seus ensinamentos com fé cega, mas, sim, testá-los cuidadosamente como se examinassem ouro. Não devemos aceitar ensinamentos de ninguém, nem do próprio Buda, a não ser com base em razões válidas e em experiência pessoal.

Nos ensinamentos sobre as quatro confianças, Buda deu mais orientações para chegarmos a um inequívoco entendimento dos ensinamentos. Ele disse:

Não confia na pessoa, mas no Darma.
Não confia nas palavras, mas no significado.
Não confia no significado interpretativo, mas no significado definitivo.
Não confia na consciência, mas na sabedoria.

O significado destas linhas é o seguinte:

(1) Quando estivermos decidindo sobre que doutrina vamos confiar, não devemos nos satisfazer com a fama ou reputação de um determinado Professor, mas em vez disso devemos examinar o que ele, ou ela, ensina. Se, mediante investigação, acharmos que os ensinamentos são lógicos e impecáveis, devemos aceitá-los; mas se carecerem dessas qualidades, devemos rejeitá-los, por mais famoso ou carismático que seu expositor possa ser.

(2) Não devemos ser influenciados simplesmente pelo estilo poético ou retórico de um determinado ensinamento, mas devemos aceitá-lo somente se o significado efetivo das palavras for lógico.

(3) Não devemos nos satisfazer simplesmente com o significado interpretativo da verdade convencional, mas devemos confiar e aceitar o significado definitivo da verdade última da vacuidade. Em outras palavras, porque os ensinamentos do método sobre a bodichita e os ensinamentos de sabedoria sobre a vacuidade etc são companheiros, não devemos nos satifazer somente com um ou com o outro, mas devemos praticar ambos em conjunto.

(4) Não devemos nos satisfazer com estados de consciência impuros e enganosos, mas devemos depositar nossa confiança na sabedoria do equilíbrio meditativo dos Seres Superiores.

Se compreendermos essas quatro confianças e as usarmos para avaliar a verdade dos ensinamentos que recebemos, seguiremos um caminho inequívoco. Não correremos o perigo de adotar visões falsas ou cair sob a influência de Professores que mostram o caminho errado. Seremos capazes de discriminar corretamente o que deve ser aceito e o que deve ser rejeitado, e desse modo seremos protegidos contra falhas como o sectarismo.

O PROTETOR DO DHARMA


Protetor do Darma é uma emanação de um Buda ou Bodissatva. Suas principais funções são evitar os obstáculos interiores e exteriores que impossibilitam as realizações espirituais dos praticantes e prover todas as condições necessárias à prática do Darma.

No Tibete, cada monastério tinha seu próprio Protetor, mas a tradição não começou lá. Os mahayanistas da antiga Índia também recorriam aos Protetores do Darma para eliminar impedimentos e satisfazer seus desejos espirituais.

Algumas deidades mundanas são simpáticas ao budismo e ajudam os praticantes, mas elas não são autênticos Protetores do Darma. Essas deidades são capazes de aumentar as riquezas dos praticantes e ajudá-los a obter sucesso em atividades materiais, mas não têm sabedoria nem o poder para proteger o desenvolvimento do Darma em suas mentes.

Esse Darma interior – as experiências de grande compaixão ou bodichita ou a sabedoria que realiza a vacuidade – é o que importa e deve ser protegido. Condições exteriores são de importância secundária.
Embora possam ter boa motivação, deidades mundanas não têm sabedoria e, por isso, a ajuda exterior que prestam, na realidade, pode atrapalhar a aquisição de autênticas realizações. Se tais deidades não possuem elas próprias realizações de Darma, como poderiam ser Protetores do Darma?

É claro que os verdadeiros Protetores do Darma tem que ser emanações de Budas ou Bodissatvas. Tais Protetores possuem grande poder para proteger o budadarma e seus praticantes. Entretanto, a extensão da ajuda que receberemos depende da fé e convicção que temos neles. Para receber proteção plena, precisamos confiar nos Protetores com uma devoção contínua e inabalável.

Os Budas manifestam-se sob a forma de diversos Protetores do Darma, tais como Mahakala, Kalarupa, Kalindewi e Dorje Shugden. O principal Protetor da linhagem de Je Tsongkhapa, desde quando ele estava vivo até a época do I Panchen Lama, Losang Chökyi Gyaltsen, foi Kalarupa. Mais tarde, contudo, diversos lamas acharam que Dorje Shugden se tornara o principal Protetor do Darma dessa tradição.

A compaixão, sabedoria e poder dos diversos Protetores do Darma não diferem, mas, conforme a época e o carma dos seres, um Protetor ou outro terá mais chance de ajudar os praticantes.

Para entender melhor esse ponto podemos pensar no exemplo de Buda Shakyamuni. Antigamente, os seres deste mundo tinham carma para ver o corpo-emanação supremo de Buda Shakyamuni e receber ensinamentos diretamente dele.

Hoje em dia, não temos mais esse carma e, por isso, os Budas aparecem-nos como um Guia Espiritual e ajudam-nos por meio de ensinamentos e orientações nos caminhos espirituais. Vemos, assim, que Buda nos ajuda de acordo com nosso carma instável, mas que a essência desse auxílio permanece sempre a mesma.

Entre os Protetores do Darma, Mahakala de quatro faces, Kalarupa e Dorje Shugden possuem a mesma natureza, pois os três são emanações de Manjushri.

Contudo, os seres da época atual têm uma conexão cármica mais forte com Dorje Shugden. Foi por isso que Morchen Dorjechang Kunga Lhundrup, um mestre altamente realizado da tradição Sakya, disse a seus discípulos: “Agora é a hora de confiar em Dorje Shugden”. Repetiu esse conselho em diversas ocasiões para encorajar os discípulos a gerarem fé na prática de Dorje Shugden.

Nós também devemos acatar essa orientação e segui-la sinceramente.
As palavras de Morchen Dorjechang Kunga Lhundrup foram muito claras – ele não disse que é hora de confiar em nenhum outro Protetor, mas afirmou categoricamente que é hora de confiar em Dorje Shugden. Muitos lamas importantes e diversos monastérios da tradição Sakya têm confiado sinceramente em Dorje Shugden.

Mais recentemente, o maior divulgador da prática de Dorje Shugden foi o falecido Trijang Dorjechang – Guru raiz de muitos praticantes gelugpas, desde humildes noviços até elevados lamas. Ele encorajou todos os seus discípulos a confiarem em Dorje Shugden e concedeu diversas iniciações desse Protetor.

Quando já tinha uma idade avançada, escreveu um longo texto para impedir que a prática de Dorje Shugden se degenerasse. O texto, intitulado Sinfonia que deleita um oceano de Conquistadores, é um comentário à prece de louvor a Dorje Shugden, Éons Infinitos, escrita por Tagpo Kelsang Khedrub Rinpoche.

Natureza e função do Protetor do Darma

Algumas pessoas acreditam que Dorje Shugden é uma emanação de Manjushri que se apresenta sob o aspecto de um ser mundano, mas isso é incorreto. Até a forma de Dorje Shugden revela as etapas completas do caminho do sutra e do tantra e seres mundanos não possuem tais qualidades em suas formas.

Dorje Shugden aparece sob o aspecto de um monge plenamente ordenado, mostrando que a prática de pura disciplina moral é essencial para os que desejam atingir a iluminação. Em sua mão esquerda, segura um coração, que simboliza grande compaixão e grande êxtase espontâneo, a essência de todas as etapas do caminho vasto do Sutra e do Tantra.

Seu chapéu redondo amarelo representa o ponto de vista de Nagarjuna e a espada de sabedoria em sua mão direita ensina-nos que devemos cortar a ignorância, a raiz do samsara, com a lâmina afiada da visão de Nagarjuna.
Esses pontos constituem a essência de todas as etapas do caminho profundo do Sutra e do Tantra.

Dorje Shugden monta um leão de neve, símbolo dos quatro destemores de um Buda. Em seu braço esquerdo, repousa uma jóia que tem a forma de um mangusto-cuspidor, indicando seu poder de dar saúde aos que confiam nele. O olho no centro da testa representa sua sabedoria onisciente, que compreende, direta e simultaneamente, todos os fenômenos passados, presentes e futuros.

A expressão irada significa que ele destrói a ignorância, o verdadeiro inimigo de todos os seres vivos, abençoando-os com grande sabedoria; indica, também, que extingue os obstáculos que obstruem a prática dos sinceros seguidores do Darma.

Os Benefícios de Confiar em Dorje Shugden
Se compreendermos bem a natureza e as funções de Dorje Shugden, também compreenderemos os benefícios de confiar nele. Dorje Shugden sempre ajuda, guia e protege os praticantes puros e sinceros, concedendo-lhes bênçãos, aumentando sua sabedoria, satisfazendo seus desejos e concedendo-lhes sucesso em todas as suas atividades virtuosas.

Não podemos dizer que Dorje Shugden ajude apenas os Kadampas; por ser um Buda, ele ajuda todos os seres vivos, sejam eles budistas ou não. O sol beneficia todos, até os cegos, dando-lhes calor e amadurecendo as plantas que lhes servem de alimento; mas pudessem eles enxergar, quão mais óbvios seriam esses benefícios!

De modo análogo, embora Dorje Shugden proteja mesmo aqueles que não fazem qualquer esforço para confiar nele, quando nossos olhos de fé se abrem, tornamos-nos gradualmente mais conscientes da ajuda que estamos recebendo.

Se desejarmos sinceramente experienciar os benefícios de confiar em Dorje Shugden, devemos fazê-lo com constância durante um longo período, aperfeiçoando com firmeza a nossa conexão. Desse modo, começaremos a notar sua influência benéfica em nossas vidas.

É preciso compreender que a principal função de um Protetor do Darma é a de proteger nossa prática de Darma e não a de nos ajudar em negócios mundanos. Com isso em mente, não vamos desanimar caso a riqueza não nos bata à porta, pois riqueza não ajuda necessariamente nossa prática espiritual; pelo contrário, pode até tornar-se um motivo de grande distração.

Se confiarmos sinceramente em Dorje Shugden, ele providenciará as condições que forem mais adequadas à nossa prática de Darma; Contudo, é bom saber que tais condições não serão necessariamente aquelas que nós mesmos escolheríamos! Dorje Shugden abençoa nossas mentes para nos ajudar a transformar situações difíceis em caminho espiritual e abre os olhos de sabedoria de seus seguidores devotos, capacitando-os a sempre tomarem as decisões corretas.