segunda-feira, 9 de novembro de 2009

FÉ A CONEXÃO COM O GANCHO QUE NOS TIRA DO SOFRIMENTO

A Bodichita ( a mente que deseja a iluminação para o beneficio de todos os seres, eu disse todos os seres e não apenas humanas, e não apenas desse mundo , mas de todo o universo) melhor definição clique aqui . A Bodichita é como um tesouro inesgotável que elimina pobreza de todos os seres, satisfazendo todos os seus desejos. De que modo os Budas e Bodhisatwas, esses seres supremos que possuem a bodichita, eliminam a pobreza? Provendo-nos com inesgotáveis ensinamentos de Dharma e presentes materiais, eles podem satisfazer temporariamente nossas necessidades físicas e espirituais. Além de disso, conduzindo-nos ao estado de felicidade perene e à completa iluminação, eles podemos libertar da pobreza. E nesse sentido que a Bodichitta é como um tesouro inesgotável.

Se a Bodichitta é tão poderosa, por que tantos seres nesse mundo e em outros reinos continuam atormentados pela pobreza e por outros males? O motivo é que o poder dos seres iluminados é como um gancho de ferro e, para que sejamos içados do nosso sofrimento, temos que estabelecer uma conexão com esse gancho por meio do nosso próprio anel de fé. Se permanecermos passivos, à espera de uma salvação vinda de fora, sem nada fazer do nosso próprio lado para desenvolver nossa mente, continuaremos a sofrer como sempre.

Fé é essencial. Se tivermos apenas conhecimento, sem fé, facilmente tomaremos o Dharma num plano meramente intelectual. Se não tivermos fé, ainda que dominemos a lógica budista e façamos habilidosas análises, nossa mente continuará indomada, porque não estaremos colocando o Dharma em prática. Sem fé, não vamos gerar realizações espirituais e facilmente aumentaremos nossa vaidade intelectual. Portanto a fé deve ser apreciada como algo extremamente precioso. Assim como todos os lugares são permeados pelo espaço, também todos os estados virtuosos são permeados por fé.

Mas afinal o que é Fé? O que é esse anel que nos conecta com o gancho que nos retira dos sofrimento?

Fé é uma mente naturalmente virtuosa que serve, acima de tudo, para se opor à percepção de falhas de seu objeto observado. Existem dois tipos de virtude: Virtude natural e virtude de motivação. Virtude natural é uma mente que é virtuosa pelo seu próprio poder, independente de uma motivação específica que a torne virtuosa.

Existem 3 tipo de fé: a fé de acreditar, a Fé de admirar e a Fé de almejar.

Fé de acreditar é uma crença em qualquer objeto condizente ao nosso desenvolvimento espiritual, como os dois caminhos do método e da sabedoria, os três corpos de um Buda e etc...

Fé de admirar é um estado mental tranquilo é lúcido, livre de concepção negativas, que surge quando contemplamos as boas qualidades dos objetos virtuosos ou dos seres sagrados.

Fé de almejar é o desejo de seguir qualquer caminho virtuoso por reconhecer as qualidades positivas desse caminho. Todas as aspirações virtuosas pertencem a esse caminho, como por exemplo o desejo de se tornar um Buda. A bodichitta possui duas aspirações de atingir a iluminaçaõ e de beneficiar todos os seres- ambas as aspirações são classificadas como fé de almejar.

A fé de acreditar baseia-se na fé de admirar, mas é muito mais forte e bem definida. Até os animais desenvolvem a fé de admirar, mas não de acreditar essa requer a adoção consciente de uma visão especial.

Lembrando, porém que no Budismo não existe fé cega.Buda Shakyamuni acautelou seus discípulos para não adotarem essa atitude equivocada:

Não aceitam meus ensinamentos simplesmente porque sou chamado de Buda.

Várias vezes, ele relembrou seus discípulos para não aceitarem seus ensinamentos com fé cega, mas, sim, testá-los cuidadosamente como se examinassem ouro. Não devemos aceitar ensinamentos de ninguém, nem do próprio Buda, a não ser com base em razões válidas e em experiência pessoal.

Nos ensinamentos sobre as quatro confianças, Buda deu mais orientações para chegarmos a um inequívoco entendimento dos ensinamentos. Ele disse:

Não confia na pessoa, mas no Darma.
Não confia nas palavras, mas no significado.
Não confia no significado interpretativo, mas no significado definitivo.
Não confia na consciência, mas na sabedoria.

O significado destas linhas é o seguinte:

(1) Quando estivermos decidindo sobre que doutrina vamos confiar, não devemos nos satisfazer com a fama ou reputação de um determinado Professor, mas em vez disso devemos examinar o que ele, ou ela, ensina. Se, mediante investigação, acharmos que os ensinamentos são lógicos e impecáveis, devemos aceitá-los; mas se carecerem dessas qualidades, devemos rejeitá-los, por mais famoso ou carismático que seu expositor possa ser.

(2) Não devemos ser influenciados simplesmente pelo estilo poético ou retórico de um determinado ensinamento, mas devemos aceitá-lo somente se o significado efetivo das palavras for lógico.

(3) Não devemos nos satisfazer simplesmente com o significado interpretativo da verdade convencional, mas devemos confiar e aceitar o significado definitivo da verdade última da vacuidade. Em outras palavras, porque os ensinamentos do método sobre a bodichita e os ensinamentos de sabedoria sobre a vacuidade etc são companheiros, não devemos nos satisfazer somente com um ou com o outro, mas devemos praticar ambos em conjunto.

(4) Não devemos nos satisfazer com estados de consciência impuros e enganosos, mas devemos depositar nossa confiança na sabedoria do equilíbrio meditativo dos Seres Superiores.

Se compreendermos essas quatro confianças e as usarmos para avaliar a verdade dos ensinamentos que recebemos, seguiremos um caminho inequívoco. Não correremos o perigo de adotar visões falsas ou cair sob a influência de Professores que mostram o caminho errado. Seremos capazes de discriminar corretamente o que deve ser aceito e o que deve ser rejeitado, e desse modo seremos protegidos contra falhas como o sectarismo.

Para encerrar: Certa vez na Índia houve um período de fome e muita gente morreu. Uma senhora idosa procurou seu Guia Espiritual e disse: Por favor ensina uma maneira de eu salvar minha vida. O Guia aconselhou-a comer pedras. Então ela perguntou: Mas como irei torna-la comestíveis ? O mestre respondeu se recitares o mantra da deusa Tsunda, poderá cozinha-las. Porém, ao ensinar o mantra cometeu um leve engano e , em vez de OM TZALE TZULE TZUNDE SÖHA, acabou ensinando OM BALE BULE BUNDE SÖHA. A senhora depositou grande fé nesse mantra, recitou com concentração, cozinhou e comeu as pedras.

Seu filho, um monge, preocupado com sua saúde , foi visitá-la. Ficou espantando ao vê-la gorducha e bem disposta e falou: Mãe, como é possível que esteja tão saudável, quando até os jovens estão morrendo de fome? Quando ela contou como fazia, o filho logo percebeu o equivoco e disse: Teu mantra está errado! Ao ouvir essa palavras, a velhinha encheu-se de dúvida. Tentou recitar os dois mantras, mas nenhum deles funcionou, pois sua fé tinha sido destruída.

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